«Reúnem-se neste volume alguns livros de Teixeira-Gomes que incluem géneros diversos: memórias, crónicas, epistolografia. Em todos eles se encontra o registo insuperável de um mundo cultural, político, artístico e social que é visto, ao longo de uma vida, por alguém que manteve a distância necessária para olhar o modo de ser português com crítica e, muitas vezes, paixão. Há, sem dúvida, um enigma: o exílio autoimposto, aparentemente incompatível com a proximidade que as cartas e as memórias revelam em relação ao país físico e humano que abandonou. No entanto, nestas páginas, apesar da distância a que muitas vezes escreve, em Londres ainda na fase de diplomata, ou na peregrinação que, por fim, o leva ao Norte de África, após a demissão de Presidente, as lembranças mantêm-se vivas e sempre com um olhar pessoal por onde perpassam figuras que ganham uma dimensão mais próxima e humana, mesmo quando o seu olhar é menos benevolente, como é o caso de António Nobre. Depois de ler estas páginas, sentimos uma proximidade maior com essas décadas, de fim do século XIX até aos anos 1930, em que o autor desempenhou um papel a que as circunstâncias políticas infelizmente puseram um fim imprevisto.