O clássico livro Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico, de Orlando Ribeiro, é uma obra de referência da cultura portuguesa.
«A Geografia é, ao mesmo tempo, uma ciência de base e de convergência, um ponto de partida e um lugar de encontro: como uma encruzilhada, portanto, onde se chega e donde se sai por vários caminhos. O meu tem, ao mesmo, duas fundas origens.
Uma é o amor da natureza, a atracção da solitude e do sossego das montanhas e dos litorais desertos, das sombras densas dos bosques, a contemplação da ossatura do globo e do relevo, do cariz do céu e do mar que os envolvem: coisas que, a despeito das grandes pretensões do nosso tempo, com o homem ou sem ele, seriam afinal as mesmas.
Ao ritmo imperceptível de transformações que a observação sugere mas só o espírito reconstitui, decorre o mais profundo da história humana, aquela que não tem datas nem personagens e flui obscuramente, através da vida popular, do princípio dos tempos até hoje. Esta é a outra raiz da minha vocação.»
Ler mais
Orlando Ribeiro
Orlando Ribeiro (1911-1997)
Formou-se em História e Geografia em 1932, e doutorou-se em Geografia em 1936, na Universidade de Lisboa.
Foi Leitor de português na Sorbonne (Paris) de 1937 a 1940, Professor na Universidade de Coimbra de 1941 a 1943, e na Universidade de Lisboa de 1943 a 1981.
Criou, em 1943, o Centro de Estudos Geográficos de Lisboa, que dirigiu até 1974.
A partir de 1947 foi, por várias vezes, responsável de Missões de Geografia Física e Humana, organizadas pela Junta de Investigações do Ultramar (Guiné, Cabo Verde, Goa, Angola e Moçambique).
Em 1949, organizou em Lisboa o XVI Congresso Internacional de Geografia, tornando-se, a seguir, Vice-Presidente da União Geográfica Internacional.
Em 1959, foi durante alguns meses Director da Faculdade de Letras de Lisboa.
A partir de 1961, fez parte dos Conselhos Consultivos de Ciência e de Educação, da Fundação Calouste Gulbenkian.
Em 1966, fundou, com Ilídio do Amaral e Suzanne Daveau, a Finisterra, Revista Portuguesa de Geografia, que continua a ser publicada regularmente.
De 1970 a 1974, tomou parte activa na Comissão, instituída pelo ministro Veiga Simão, para preparar a Reforma das Faculdades de Letras.
Em 1976, foi eleito membro da Academia das Ciências de Lisboa (secção de Ciências) e da Accademia Nazionale dei Lincei (Roma).
É Doutor Honoris Causa das Universidades do Rio de Janeiro, Bordéus, Coimbra, Madrid (Complutense) e Paris (Sorbonne). É Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada. É Chevalier de la Légion d’Honneur.
Ler mais