Lisboa, década de 60, Escola Superior de Belas Artes, um ano lectivo que se inicia, parte de uma população bizarra, docentes, alunos, funcionários, um espaço antigo, labiríntico, degradado e mal equipado. Na zona do Chiado, onde quase tudo decorre, insidiosamente começa por haver sinais de uma gente exótica, indivíduos talvez “mutantes”, que pressagiam a deriva demográfica, a emigração, os mistérios da uma crise latente, os nossos fantasmas.

O romance de Rocha de Sousa, reflectindo sobre a criação artística, tem como pano de fundo a história “encenada” do convento de São Francisco, que resistiu ao terramoto de 1755, mas “acabou” em ruínas no século XX, símbolo de um país a morrer fora das idades universais e diante do qual uma multidão chora o desacerto temporal, a recessão social e cultural desta dantesca perda adiada para uma data imprópria.