Um romance único em que a segunda metade do século XX português é retratada do ponto de vista de quem ficou e de quem emigrou. Temas sérios tratados com um estilo e linguagem invulgares e divertidos. Este é o romance de estreia do actor e dramaturgo Álvaro Faria, figura conhecida dos portugueses pelas inúmeras aparições em séries televisivas e filmes para além de peças teatrais.
Daniel sobreviveu à gripe asiática quando era pequeno na também pequena aldeia de Vilar de Tabuinhas, sobreviveu a uma fuga clandestina através da uma Espanha convulsionada, sobreviveu em França onde aprendeu a trabalhar e a pensar, sobreviveu (depois do regresso a Portugal) na Guiné aos horrores da guerra, sobreviveu, enfim. E viveu.
Um romance invulgar, misto de história de formação e retrato de uma geração, um povo e um país.
Escrito numa linguagem que parece ter vida própria, seguimos dois universos, o de Daniel que partiu e o da aldeia que ficou. Cada um dos universos dá-nos uma ideia de como o progresso chega e intervém de forma diferente na vida de todos.
Esta é uma daquelas obras em que se tornará difícil interromper a leitura. Linguagem e enredo agarram o leitor não o largando mesmo depois da última página.

"Uma página da nossa história recente é literariamente narrada com o rigor de quem ama a palavra escrita, através de um protagonista cujas vivências se situam geograficamente no Interior, na Diáspora e na guerra colonial, aqui reproduzidos com valor etnográfico. A identidade de Daniel vai sendo construída nos reflexos das demais personagens, num jogo de espelhos inteiramente desvelado, somente, no último ato."
Ana Ribeiro da Silva (Investigadora de Ciências Sociais e Humanas)