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Sinopse

«[…]
Este O Retrato é o mais romântico dos “contos de Petersburgo”, quanto mais não seja pelo tema central — o pacto com o demónio. É também uma profunda reflexão sobre a vida e a arte (a arte imitação da natureza ou imitação de Deus?), prefigurando o grande dilema da vida e da obra do próprio Gógol, do seu próprio destino: vamos encontrar em O Retrato o delineamento das grandes contradições que envolveram a criação de Almas Mortas, a grande hesitação e, finalmente, o repúdio da segunda parte deste livro, a queima da obra espúria, etc.
É também, evidentemente, um conto sobre a cidade castradora — Petersburgo. Desta vez, é um pintor que se vê privado do seu talento por obra do excesso de realismo e da ambição de glória e riqueza que nele desperta a cidade…Tal como nos outros “contos de Petersburgo”, com Gógol quase acreditamos que o mal não é russo e que Petersburgo não é Rússia: aqui, entre os pobres cinzentões de Kolomna (bairro periférico a oeste de Petersburgo), o Diabo é ardente, agiota e estrangeiro…»

Filipe Guerra

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Autor

Nikolai Gógol

Nikolai Gógol nasceu em 1809, na cidade de Sorotchintzii, situada na Pequena Rússia, atual Ucrânia. Estudou no Liceu Nejin. O pai, proprietário de terras, faleceu quando ele tinha dezasseis anos. Em 1828, partiu para São Petersburgo. Segundo uma das lendas, que ele próprio criou, a primeira coisa que fez ao chegar à cidade foi visitar Púchkin. Ao certo sabe-se que gastou cerca de 350 rublos em roupas novas, deambulou em busca de emprego e publicou dois poemas que escrevera dois anos antes. Hanz Kuechelgarten foi recebido com silêncio apenas interrompido por uma impiedosa crítica no Telégrafo de Moscovo. Gógol e o seu criado foram às livrarias comprar todos os exemplares disponíveis e queimaram-nos. Em agosto desse ano, Gógol viajou pelo norte da Alemanha, de onde regressou em finais de setembro para ingressar na função pública. No início de 1830, publicou o seu primeiro conto, com a assinatura «OOOO». Em 1834, com o apoio de alguns amigos literários, é nomeado professor assistente de História Mundial da Universidade de São Petersburgo, matéria em que era bastante ignorante. Em 1835, publicou dois volumes de contos com o título Mirgorod e Taras Bulba. É nessa época que escreve O Nariz, a história dum infeliz cujo nariz se separou dele. É também nesse período que escreve O Inspetor-Geral, cuja representação em 1836 foi autorizada por Nicolau I, sendo ainda hoje considerada por alguns a maior peça de teatro escrita em russo. Em junho de 1836, Gógol parte para o estrangeiro, onde viverá até 1848, regressando à Rússia apenas por breves períodos. É já na Suíça, em outubro de 1836, que começa a Primeira Parte de Almas Mortas, que continuará nos anos seguintes em Paris. Em 1837 e 1838, está em Roma, onde conclui O Capote. Em 1842, publica a Primeira Parte de Almas Mortas (da Segunda Parte apenas deixou os primeiros capítulos). Entre 1842 e 1848, viaja de um para o outro lado à procura de inspiração e saúde. Depois regressa a Moscovo, Odessa, Vassilevka e, em 1852, novamente a Moscovo, onde acaba por falecer. Como escreve Nabokov, «Nikolai Gógol, o mais estranho poeta prosador que jamais produziu a Rússia, morreu numa quinta-feira de manhã, um pouco antes das oito horas, a 4 de março de 1852, em Moscovo. [...] O esgotamento físico total resultante duma greve de fome voluntária (com a qual a sua melancolia mórbida tentara opor-se aos desígnios do Diabo) culminou numa anemia aguda do cérebro (associada, provavelmente, a uma gastroenterite devida à inanição), e o tratamento de purgas e sangrias vigorosas a que foi submetido apressou a morte dum organismo já gravemente diminuído pelas sequelas da malária e da má alimentação».

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