Liceu, locus da cultura do seu tempo.

Foi assim na Ribeira Brava, em Mindelo e na Praia. Em S. Nicolau foi um espaço-tempo de consagração da cultura canónica; em S. Vicente a “cultura transpôs os muros escolares por onde entraram os ecos do mundo” (H. Teixeira de Sousa, 1992) e em Santiago, “pondo a mocidade em contacto com a terra e os problemas de que depende a sua existência” (Bento Levy, 1954).

O passado é hoje. 

A história do ensino liceal em Cabo Verde, na época colonial, é contada em quatro segmentos espaço temporais:

O primeiro liceu em Cabo Verde descreve a efémera vida do Liceu Nacional da Província fundado na Praia (1860), dois anos após a elevação da vila a cidade;

Um seminário e liceu em S. Nicolau (criado em 1866) situa-nos na génese, desenvolvimento e processo de extinção da instituição na Ribeira Brava, num contexto político de transição da aliança monarquia-igreja para o anticlericalismo republicano;

O liceu em Mindelo reconstitui a contenda da cidadania com o poder colonial em prol da criação (1917) e da dignificação do liceu, símbolo de prestígio e polo de desenvolvimento da cidade;

O liceu na Praia condensa os projetos da população da capital para beneficiar de um liceu (só em 1960) e superar o inevitável atraso educacional no tempo histórico da ditadura e da emergência da libertação nacional.

A parte final do livro é um espaço pensado para estudantes, professores e investigadores. Nele se elencam as fontes documentais, orais e iconográficas utilizadas, que hoje abrem caminhos para a incessante renovação da história vivida.