" O Outro Eu De Mim é o encontro do narrador com figuras surgidas na memória ou sugeridas pela imaginação. O narrador hesita escrever a história desse encontro porque é desse princípio sempre adiado que se alimenta; escrever representa destruir-se, alcançar o fim para além do qual nada resta. Nenhum caminho novo brota do fim. Mas não escrever equivale ao suplício da espera de um condenado, é ficar suspenso entre o antes e o depois, entre uma e outra batida do coração, ou seja, em lugar nenhum.
O Autor - nesta constante gralha, neste constante sobressalto em que se tornou o falar e o escrever português - representa um testemunho cada vez mais raro de amor à língua, de culto da língua e da constante procura de novas formas literárias de expressão do pensamento (…) Com muito pouco de ironia e muito de verdade, direi que vai sendo cada vez mais raro e difícil reunir tantas “competências”, a mesmo tempo e na mesma pessoa."
José Augusto Caiado Ribeiro Graça