O hábil farsante que Jorge Branco nos apresenta nesta ficção, tem traço firme aprimorado num curso de desenho industrial e esse é um trunfo precioso no rigor dos primeiros passaportes falsos que hão de sair das suas mãos, safando da guerra colonial avulsos compatriotas.
Ao traçar, com fino poder de observação e vertiginoso ritmo narrativo, o fio de sucessos do jovem estudante Marinho, o autor apresenta-nos um fresco sobre um tempo português e os seus subterrâneos, na outra margem do país resignado e dócil. O precoce Marinho falsifica tudo o que seja necessário para tornar verosímil cada escolha profissional ou académica e ainda lhe sobra tempo para desenhar “sereias”.
FERNANDO ALVES
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Jorge Branco
Jorge Porfírio Nunes Branco nasceu na aldeia de Comenda, Gavião, Portalegre. Licenciou-se em medicina, em Lisboa, em 1979. Tem a especialidade de medicina geral e familiar que exerce desde 1980 até hoje (2024). Como médico de família trabalhou nos centros de saúde de Almada, Barreiro, Quinta da Lomba, Sacavém, Prior Velho e Marvila (Lisboa), onde ainda se mantém. Entre 1989 e 1994 foi médico no hospital prisional de Caxias.
Escreveu primeiro, dois livros de cariz científico e em 2014 aventura-se na ficção, a partir da realidade profissional e da análise sociológica dos seus utentes, repetindo a dose e o estilo em 2022; em 2015, lança outro livro de ficção baseado nas memórias juvenis, na aldeia natal, primeiro duma trilogia, que passou por “Comenda com Gente...”, em 2018, e que será completada com “Comenda com História”. Da sua vivência no ambiente prisional, editou “Crónicas Prisionais”, em 2016. Mais recentemente, em 2023, publicou "A Quadrilha dos Galhardos e Outros Contos".
A escrita é como um vício, quem o apanha raramente se cura completamente, e, neste caso, ainda bem. Se ele continuar, como é expetável, mais títulos surgirão, no futuro imediato.
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