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Leite derramado - Ed. Bolso

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Chico Buarque

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Detalhes do Produto

Sinopse

NUMA EDIÇÃO CUIDADA (CAPA DURA)

Sucesso no Brasil e em Portugal, venceu o Prémio Portugal Telecom de Literatura e o Prémio Jabuti.

Um homem muito velho espera a morte numa cama de hospital. Membro de uma família tradicional, desfia, num monólogo dirigido a quem quiser ouvir, a história da sua linhagem, desde os antepassados portugueses que desembarcaram no Rio com a corte de Dom João VI ao avô maçom que lutou pelo fim da escravatura. Lalinho evoca com nostalgia o nascimento de berço, a família de bom nome, os chalés e os casarões, para assumir, com humor e amargura, que, entre as paredes de um quarto de hospital, as linhagens não tiram dores.

Longe dos tempos áureos do chalé de Copacabana, são muitas as figuras que viajam pela cabeça do ancião: o arrogante engenheiro francês Dubosc; a mãe do narrador, que, de tão reprimida e repressora, «toca» piano sem emitir qualquer som; a namorada do neto, com piercings e barriga à mostra.

Mas a evocação mais forte é sempre a de Matilde, mulher de «riso contido» e «olhar em pingue-pongue», por quem se apaixonou de imediato e para quem deixou sempre as portas abertas, mesmo depois de esta desistir de vez daquela paixão mal vivida e mal compreendida. Toldado pela morfina e interrompido pelos queixumes da doença, o discurso do centenário Lalinho é deliciosamente pleno de omissões e falsidades, dúvidas e mistérios. Vale-nos a ironia do autor, que permite ao leitor entrever as verdades e os não-ditos. Obra de um escritor em pleno controlo da arte narrativa, Leite derramado é uma saga familiar entrelaçada com a história do Brasil dos últimos dois séculos

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Autor

Chico Buarque

Escritor, compositor e cantor popular brasileiro, Francisco Buarque de Hollanda nasceu a 19 de junho de 1944, no Rio de Janeiro. Filho do historiador Sérgio Buarque de Hollanda, cedo se habituou a conviver com o mundo das artes e das letras. As reuniões da casa paterna eram frequentadas por intelectuais e artistas, entre os quais Vinicius de Moraes, que mais tarde viria a assinar uma meia dúzia de temas em parceria com o jovem Chico Buarque (incluindo Valsinha), e também pelos amigos da sua irmã Heloísa - Baden Powell, Óscar Castro Neves, Alaíde Costa. Da irmã receberia as primeiras lições de violão e de João Gilberto as primeiras influências musicais. Em meados dos anos sessenta, no início da bossa-nova e em pleno movimento de agitação social, Chico Buarque abandonou o curso de Arquitetura para se dedicar definitivamente ao violão e à escrita.

Em 1965 gravou o primeiro single, com as canções Sonho de um Carnaval e Pedro Pedreiro. Compôs a música para o espetáculo Morte e Vida Severina, baseado no poema homónimo de João Cabral de Melo Neto, exibido no Teatro da Universidade Católica em S. Paulo e que veio a vencer o Festival de Teatro Universitário de Nancy, em França. Musicou igualmente o Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. O tema A Banda, interpretado por Nara Leão em 1966, tornou-se um sucesso internacional. Nesse mesmo ano viria a editar o seu primeiro LP, Chico Buarque de Hollanda. A peça Roda Viva, mais tarde proibida pela censura, é levada à cena com os seus próprios textos. E nessa época colaborava já com grandes nomes da música popular brasileira, como Tom Jobim, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Elis Regina, Gal Costa e Maria Bethânia.
A mestria do erudito e a espontaneidade do popular coexistem no ritmo e nas palavras dos seus temas, e Chico Buarque rapidamente se tornou um dos mestres da música popular brasileira e um dos criadores do chamado samba urbano. O lirismo de Realejo, Lua Cheia ou de Carolina alterna com as intervenções de protesto, de ironia e de crítica social de temas como Deus lhe Pague e Meus Caros Amigos. A coerência das suas opiniões forçá-lo-ia inclusive ao exílio, estabelecendo-se em Roma durante perto de dois anos. 
De volta ao Brasil em 1970, lança novos sucessos: Construção, O que Será (À Flor da Terra), Morena de Angola, etc. 
Estreada no Rio de Janeiro em julho de 1978, A Ópera do Malandro é sem dúvida a sua experiência teatral de maior êxito. Baseada em The Beggar's Opera (A Ópera do Mendigo, 1728) de John Gay e em Die Dreigroschenoper (A Ópera dos Três Vinténs, 1928) de Bertolt Brecht e Kurt Weill, seria ainda adaptada ao cinema em 1986 por Ruy Guerra. 
As aparições em palco do cantor tornaram-se entretanto cada vez mais raras. Nos anos oitenta, o espetáculo realizado no Canecão, no Rio de Janeiro, baseado no disco Francisco, é tido como "o maior espetáculo da década". E em 1994 De Volta ao Samba assinala mais uma vez a sua passagem pelos palcos do Rio de Janeiro e da Europa e o revisitar de velhos temas. 
Nos últimos anos, Chico Buarque consagrou-se por longos períodos à ficção, tendo-se retirado no seu apartamento parisiense para trabalhar nos romances Estorvo (1991) e Benjamim (1995). Numa das suas passagens por terras portuguesas (maio de 1997), o autor deu conta da sua vontade de mostrar o "Brasil real", participando designadamente no lançamento do livro de Sebastião Salgado sobre o Movimento dos Sem-Terra.
Em 2017 venceu o prémio Roger Caillois pelo conjunto da sua obra. Em 2019 foi distinguido com o Prémio Camões, a distinção de maior prestígio da Língua Portuguesa.

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