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Lampedusa - Ir e Não Chegar

Ana França

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Disponível a partir de 13-02-2025



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Detalhes do Produto

Sinopse

MEDITERRÂNEO, 3 DE OUTUBRO DE 2013: — O MAIS TRÁGICO NAUFRÁGIO NA ROTA DE IMIGRAÇÃO MAIS MORTAL DO MUNDO, NUM RELATO DA JORNALISTA ANA FRANÇA

Naquela noite sem lua, um barco com cerca de 500 pessoas zarpou da Líbia pelo Mediterrâneo rumo a um qualquer porto na Europa. Naquela noite sem lua, apareceram, ainda assim, outras luzes, de barcos de pesca e navios de resgate das autoridades italianas. Nenhuma se aproximou o suficiente para reparar que aquela traineira velha parada estava a afundar. A bordo, entre as tentativas de pedir ajuda, o pânico fez a traineira virar. Naquela noite que até parecia tranquila, ao largo de Lampedusa, um grupo de amigos despedia-se do verão numa pequena embarcação quando começou a ouvir um som agudo e lamurioso como gritos de gaivotas. Mas não eram gaivotas. Este livro conta a história da sucessão de eventos que levou ao naufrágio de 3 de Outubro de 2013 no Mediterrâneo, resultando em 366 mortes, o mais trágico na história da ilha siciliana que é o território europeu onde chegaram mais migrantes nos últimos 30 anos. Seguimos os passos de Solomon, um dos sobreviventes, e de Adal, que perdeu o irmão nesse dia, ao mesmo tempo que olhamos deste acidente para demasiados outros e deste recanto de Itália para toda a Europa. «Começam a acordar-se uns aos outros e estoira a felicidade a bordo. Voam camisas e sapatos no ar, voam bonés e garrafas de água, as pessoas abraçam-se e gritam e suspiram e limpam as lágrimas para verem melhor o contorno de luz que o farol, com a sua intermitência previsível, vai derramando sobre a salvação tão próxima. Aparece um barco que lança uma luz forte lá de longe. Depois desaparece. Aparece outro, dá a volta à traineira e também desaparece. Sem motor para poder fazer frente à corrente, o barco começa a afastar-se da costa. A montanha de terra que estava perfeitamente desenhada à sua frente, contornos discerníveis, limites precisos, começa a diminuir de tamanho no horizonte. Solomon não entra em pânico, alguém os viu, alguém virá. Mas um burburinho aflito levanta- se das vozes dos passageiros como o vento levanta as folhas secas antes de uma tempestade.»

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Autor

Ana França

Ana Relvas França nasceu em Aveiro e lá viveu até aos 18 anos, quando se mudou para Coimbra, para completar uma licenciatura em Jornalismo. O estágio foi feito em Macau, no jornal Tribuna de Macau. Em 2011, emigrou para Londres, onde concluiu uma pós‑graduação na London School of Journalism. Durante meia década de vida na capital britânica, trabalhou como correspondente do Expresso, acompanhando os loucos anos do pré-Brexit, foi tradutora e professora de inglês para estrangeiros, e colaborou com a Monocle 24 (rádio da revista Monocle), com o diário The Telegraph e com a revista New Statesman. Nesse mesmo período, trabalhou em diversos restaurantes, especializando-se na venda de vinhos, e colaborou com a On Our Radar, uma organização não-governamental que visa ensinar os princípios básicos do jornalismo a comunidades isoladas ou fragilizadas para que elas próprias possam contar as suas histórias e vendê-las aos grandes meios de comunicação. Em 2016, regressou a Portugal, onde teve de vender vinho por mais uns meses até ingressar na redação do Observador. No início de 2018 voltou ao Expresso, à secção Internacional, onde acompanha principalmente os temas de migrações, conflito, populismo, Brexit e também Médio Oriente. Em 2022, foi a enviada do Expresso à guerra na Ucrânia, onde esteve um mês em reportagem. Esse mês deu origem a este livro.

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