
Detalhes do Produto
- Editora: Tinta da China
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- Disponível a partir de 13-02-2025
- Ano: 2025
- ISBN: 9789896718923
- Número de páginas: 168
- Capa: Brochada
Sinopse
MEDITERRÂNEO, 3 DE OUTUBRO DE 2013: — O MAIS TRÁGICO NAUFRÁGIO NA ROTA DE IMIGRAÇÃO MAIS MORTAL DO MUNDO, NUM RELATO DA JORNALISTA ANA FRANÇA
Naquela noite sem lua, um barco com cerca de 500 pessoas zarpou da Líbia pelo Mediterrâneo rumo a um qualquer porto na Europa. Naquela noite sem lua, apareceram, ainda assim, outras luzes, de barcos de pesca e navios de resgate das autoridades italianas. Nenhuma se aproximou o suficiente para reparar que aquela traineira velha parada estava a afundar. A bordo, entre as tentativas de pedir ajuda, o pânico fez a traineira virar. Naquela noite que até parecia tranquila, ao largo de Lampedusa, um grupo de amigos despedia-se do verão numa pequena embarcação quando começou a ouvir um som agudo e lamurioso como gritos de gaivotas. Mas não eram gaivotas. Este livro conta a história da sucessão de eventos que levou ao naufrágio de 3 de Outubro de 2013 no Mediterrâneo, resultando em 366 mortes, o mais trágico na história da ilha siciliana que é o território europeu onde chegaram mais migrantes nos últimos 30 anos. Seguimos os passos de Solomon, um dos sobreviventes, e de Adal, que perdeu o irmão nesse dia, ao mesmo tempo que olhamos deste acidente para demasiados outros e deste recanto de Itália para toda a Europa. «Começam a acordar-se uns aos outros e estoira a felicidade a bordo. Voam camisas e sapatos no ar, voam bonés e garrafas de água, as pessoas abraçam-se e gritam e suspiram e limpam as lágrimas para verem melhor o contorno de luz que o farol, com a sua intermitência previsível, vai derramando sobre a salvação tão próxima. Aparece um barco que lança uma luz forte lá de longe. Depois desaparece. Aparece outro, dá a volta à traineira e também desaparece. Sem motor para poder fazer frente à corrente, o barco começa a afastar-se da costa. A montanha de terra que estava perfeitamente desenhada à sua frente, contornos discerníveis, limites precisos, começa a diminuir de tamanho no horizonte. Solomon não entra em pânico, alguém os viu, alguém virá. Mas um burburinho aflito levanta- se das vozes dos passageiros como o vento levanta as folhas secas antes de uma tempestade.»
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