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Sinopse

O inferno? Fui educado no mais profundo desprezo pelo inferno, ensinado a tê-lo como fantasia atirada para o monturo dos preconceitos. Apesar disto não posso negar uma diferença, e reside nela a novidade da interpretação das chamadas penas eternas: já estamos no inferno. A terra é o inferno, prisão que uma inteligência superior construiu de forma a eu não poder dar um passo sem beliscar a felicidade alheia, e os outros não poderem ser felizes sem me fazer sofrer. […]
O fogo do inferno é o desejo do êxito; as Potências despertam-no e consentem que os malditos vejam os seus votos realizados. Mas atingido o objetivo e realizados os anseios, tudo se revela destituído de valor e a vitória é nula! É tudo vaidade das vaidades, nada mais do que vaidade. Depois da primeira desilusão, as Potências sopram o fogo do desejo, da ambição; mas o que mais atormenta não é o apetite insaciado; é, antes, a cobiça satisfeita que inspira o nojo de tudo. O Demónio, esse, também padece infinitamente a pena porque obtém quanto deseja no instante em que deseja, e nada mais tem para gozar.
[de August Strindberg, Inferno ]

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Autor

August Strindberg

August Strindberg (1849-1912) dramaturgo e romancista, igualmente pintor e fotógrafo, é um dos pais do teatro moderno. Na vanguarda do teatro do seu tempo, inspirou inúmeros autores contemporâneos, entre eles figuras tão díspares e relevantes como Kafka, Adamov, Cocteu e em particular o cineasta, também sueco, Ingmar Bergman. Jean-Pierre Sarrazac, autor do mais recente ensaio sobre o autor Strindberg, o Impessoal (L’Arche, 2018) afirma, em síntese, sobre a obra que «as narrativas autobiográficas são antecâmaras dos dramas. Sobre as linhas de fuga da narrativa autobiográfica, o que é de natureza pessoal tende a ser impessoal. Longe de uma leitura psicologista da escrita teatral, este entrelaçar entre teatro e autobiografia, inscreve o íntimo no coração de uma criação em que a existência vem modelar e vivificar a escrita.» Dele disse Nietzsche referindo a conhecida obra Inferno: «Fui surpreendido pela descoberta desta obra que exprime de forma grandiosa a minha própria concepção do amor: nos processos a guerra, na essência, o ódio mortal dos sexos.» Com a devida distância uma citação também aplicável a esta A Dança da Morte.

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