Moritz Post: «Tudo começa com uma linha. Mas em Frank Hoppmann, essa linha nunca permanece única, pois logo dela surge uma teia dinâmica de curvas, feixes e entrelaçados.»

Este livro foi publicado por ocasião da exposição Cartoon Xira 2025, realizada no Celeiro da Patriarcal, em Vila Franca de Xira, de 25 de Abril a 8 de Junho de 2025.

A obra de Hoppmann [Emsland, Baixa Saxónia, Alemanha, 1975] transcende os limites da caricatura e avança para o domínio das artes plásticas. A sua técnica de sobrepor linhas aparentemente aleatórias e, no entanto, de as orquestrar repetidamente cria uma interação entre estrutura e caos.

Por vezes, são apenas alguns traços que definem o núcleo de uma personalidade, outras vezes a representação prolifera literalmente para além da folha. Não há problema para o mestre: se um formato de papel padrão não for suficiente, a peça necessária é simplesmente colada.

Esta alternância entre minimalismo exagerado e excesso calculado faz parte do seu processo criativo e torna as suas obras tão inesperadas. Este momento de imprevisibilidade abre um novo espaço, no qual níveis pictóricos inesperados entram em colisão. É assim que Frank Hoppmann cria piadas desenhadas e as utiliza para escrever sátiras, sem ter de soletrar uma única palavra.

No domínio da tensão entre retrato, caricatura e grotesco, ele encontrou a sua própria especialidade, que se inscreve na tradição de Honoré Daumier, George Grosz e Tomi Ungerer. No entanto, se no século XX a técnica do portrait-charge (retrato satírico), proeminentemente utilizada por Daumier, está associada a David Levine, no já decorrido primeiro quartel do século XXI não se pode deixar de mencionar o nome de Frank Hoppmann.

[Moritz Post]