Detalhes do Produto
- Editora: Assírio & Alvim
- Categorias:
- Ano: 2011
- ISBN: 9789723715613
- Número de páginas: 288
- Capa: Brochada
Sinopse
Desde o segundo quartel do século dezanove que a ideia de fixar o percebido numa imagem, e com essa
fixação poder destacar elementos do observado, de outro modo insignificantes ou impossíveis de observar,
condicionou toda a experiência humana. A partir daí, a realidade objectiva proporcionada pelo automatismo
fotográfico estabeleceu-se como condição de sustentação de qualquer acto comunicacional, tendo o dispositivo
fotográfico crescido na dimensão dos seus programas como um polvo com múltiplos tentáculos.
Esta obra pretende sublinhar a forma como esse efeito objectivante da fotografia lhe permitiu impor-
-se como garantia epistémica em múltiplos dos seus campos de aplicação. Permitiu-lhe apresentar-se como
testemunho, meio de verificação, prova irrefutável do acontecimento, compelindo a todo um imaginário
criado em torno do efeito de real decorrente da imagem mecânica.
No entanto, paralelamente e paradoxalmente, foi esse efeito realista e documental, bem como a sua natureza
automática, propiciador de fantasmatizações de vária ordem, que veio permitir a utilização da fotografia
como garantia epistémica de realidades fora do domínio do observável. Exemplos disso são os discursos
em torno da optografia, da fotografia espírita e da fotografia de fluidos.
Assim, ao longo desta obra, e usando uma metodologia diversa que combina pesquisa histórica de arquivo
como estudo de fontes filosóficas e científicas, procurou desenhar-se o que se poderá chamar de arquivo
fantasmático do automatismo fotográfico, já que a análise deste efeito se centrou no confronto de fontes e documentos
que privilegiam essas mesmas possibilidades de transgressão do observado a partir da supostae
garantidaverdade da fotografia. O confronto com fontes da época, material de arquivo, espólios de imagens,
foi decisivo para a fundamentação do ponto de vista deste trabalho, que pretendeu explorar os aspectos
mais fantasmáticos do automatismo fotográfico e colocá-los em diálogo com a cultura na qual brotaram.
Finalmente, a articulação de toda a pesquisa em torno da importância atribuída às propriedades automáticas
da fotografia é colocada em relação com os modos como o automatismo surge noutros campos
do conhecimento e da cultura contemporânea do primeiro século da existência da fotografia, como um
conceito que permite colocar discursos e práticas muito diferentes na sua ambição e objectivos numa plataforma
de comensurabilidade, ou seja, de identidade conceptual.