O que vemos numa imagem? O que é ver algo através de uma imagem? Qual a relação entre a imagem e a experiência do real? Como pensar a imagem, como imaginar o pensamento? São questões de difícil resolução, mas relevam a necessidade de repensar a experiência da imagem e o papel do espectador em que nos tornámos ou que estamos a caminho de ser, observadores perplexos e atónitos que, com demasiada frequência, se submetem às produções espetaculares que têm como único efeito o aniquilamento do espectador. […]

O livro está organizado em três grandes capítulos. O primeiro, «Questões e histórias do campo da fotografia», reúne textos que abordam temas e géneros centrais da cultura fotográfica, sublinhando qualidades distintivas e específicas à prática da fotografia, mas também analisa como, a partir da segunda metade do século xx, essas mesmas qualidades foram reinterpretadas e atualizadas, designadamente através de uma incorporação mais abrangente no campo da arte.

No segundo capítulo, «Estados e passagens de imagens», que inclui dois subcapítulos («A visão dos meios» e «Imagens do tempo»), as temáticas recaem em domínios que vão para além da fotografia, prevalecendo, contudo, a sua vinculação conceptual e percetiva à noção de fotográfico. Neste capítulo são analisados temas e obras que permitem discernir relações mais abertas e de articulação com outros meios de representação visual, que formam com o fotográfico um arco coerente de modos de experimentar o visível e o imaginável, envolvendo as dimensões do tempo e do espaço.

No terceiro e último capítulo, «Do visual ao imaginário», que inclui três subcapítulos («Imagens dos lugares, lugares da imagem», «Imagens da história» e «Imagens do corpo»), a análise centra-se nas condições e dinâmicas da receção das imagens, sublinhando os aspetos mentais e fisiológicos relativos à experiência da memória e da imaginação, que colocam o espectador no centro de qualquer reflexão sobre a nossa relação com as imagens.

[Sérgio Mah]