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Detalhes do Produto

Sinopse

Era uma vez um bairro popular (muito parecido com o Bairro Alto, em Lisboa). Havia putas às esquinas quase tão gastas como a tinta das paredes onde faziam tempo para o galão morno e a meia torrada a pingar de margarina vegetal na Leitaria Bar Nelson, havia negócios surdos com relógios de marca e tirantes de ourina catados de esticão, havia velhos quase a cair da tripeça, daqueles que se agarram apaixonadamente à bengala e se debatem com tenacidade por cada centímetro de calçada polida, e também havia velhos um pouco menos velhos que, nos intervalos da venda da lotaria e dos jornais, ainda conseguiam decifrar a cor dos reis das senas e dos duques antes de os lançarem em voo planado para o difícil aeródromo da mesinha de mármore furta-cores, bem mais preocupados em não acertar nas rodelas olímpicas de tinto benzido do que em ganhar pontos lambidos ao adversário de todas as tardes

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Autor

José Xavier Ezequiel

(Luanda, 1962). Depois de muitas intermitências, licenciou-se na Faculdade de Direito de Lisboa. Ao serviço da Pátria, gastou dezoito meses na infantaria e outros quatro longos anos como funcionário público. Em busca de uma vocação tardia, desde 1991 trabalhou na publicidade, em agências nacionais e multinacionais. Começou como junior, chegou a head copy e acabou por se render à precariedade dos recibos verdes. Farto de vender detergentes, automóveis, bancos e iogurtes, começou a escrever na imprensa, mas depressa descobriu que era apenas outra esquina tão mal frequentada como a outra. Nos anos 1980 tinha editado inúmeros fanzines e colaborado noutros tantos. Foi bolseiro do Ministério da Cultura, em 1997, o que pela primeira vez lhe permitiu escrever, de forma remunerada, sem ser para agradar ao cliente que paga os anúncios e as revistas onde são publicados. Por falar nisso, publicou o romance Fados & Desgarrados, Campo das Letras, 2007, e o folhetim electrónico Futurabold 2.0, entre 2009-10. Belos tempos. Para ajudar nas despesas, dava música, da mais variada, em bares da Grande Lisboa, sobretudo na Margem Sul. Como ensina o Eclesiastes, tudo tem o seu tempo. As saudades só servem para serem mortas. E as mágoas para serem afogadas. Com muito gelo.


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