O estudo que agora é dado à estampa constitui um estimulante exemplo do que a sociologia pode oferecer: o desvendamento do mundo social através de uma outra forma de olhar e interrogar o que se julga conhecer. Desse exercício, alicerçado em protocolos científicos validados, resulta um saber feito de descobertas surpreendentes e, não raro, na contramão de verdades tidas como absolutas.
Ora este livro constitui, justamente, uma dessas instigantes viagens de conhecimento, empreendida com grande fôlego, seriedade e dedicação. Ela incide sobre domínios frequentemente esquecidos na sociologia portuguesa, ao tomar como pontos cardeais os grupos sociais dominantes - minorias que ficam habitualmente na sombra dos estudos mainstream - e as instituições de ensino por eles escolhidos - universos tendencialmente preservados, quando não mesmo fechados, discretos aos olhares exteriores. Mais concretamente, Maria Luísa Quaresma propõe-se explorar as representações sociais do sucesso educativo e as práticas que visam promovê-lo desenvolvidas - em maior ou menor convergência - por famílias das classes dominantes e por colégios privados «de excelência» onde os seus descendentes estudam. O objetivo central desta viagem, tal como a autora o explicita, é justamente repensar o que significa ser bem sucedido na ótica das classes dominantes.