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Detalhes do Produto
- Editora: Tinta da China
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- Ano: 2023
- ISBN: 9789896717667
- Número de páginas: 336
- Capa: Brochada
Sinopse
A COMPLEXIDADE DA TRADIÇÃO LIBERTINA PLASMADA NA OBRA SINGULAR DE LUIZ PACHECO O pensamento libertino tem sido maioritariamente reduzido ao âmbito do desregramento dos costumes, sobretudo nos domínios da sexualidade e da problematização da experiência religiosa. Este livro propõe uma leitura mais ampla das questões suscitadas pela tradição libertina, concentrando-se na natureza humana e no contraponto entre liberdade individual e fixação cultural de representações do mundo universalizantes. A reflexão sobre as constantes históricas que ajudam a pensar o conceito de libertino toma Luiz Pacheco como caso exemplar, apresentando-o como o autor português que mais complexamente experienciou a condição libertina e, sobretudo, como aquele que mais reflectiu sobre ela, inscrevendo-a no panorama crítico do abjeccionismo português. A centralidade da crítica no discurso desenvolvido no contexto do surrealismo e do abjeccionismo em Portugal é analisada tendo como ângulo privilegiado a leitura específica que Luiz Pacheco fez da libertinagem, expondo-a como potencialidade para o dinamismo cultural assente na persistente revisão dos valores estabelecidos. COLECÇÃO COORDENADA POR JERÓNIMO PIZARRO.
Chegou o dia (a noite) de Benjamim Boavida fazer a prova de sentinela que decidirá o seu futuro no Quartel — ainda que ele, rapaz dado às coisas simples da vida no campo, preferisse estar a ouvir rouxinóis iluminado por um luar de Verão. Mas ali está ele, com a bota a apertar-lhe o pé esquerdo, acompanhado por um sargento agressivo, num posto de vigia de onde não se vigia quase nada porque o muro é demasiado largo e com uma revolução a agitar-se lá fora. A turbulência parece estar ainda distante, mas a noite será longa e cheia de peripécias. Além disso, depois da noite chega um novo dia, para o país, para Benjamim e também para aquele aquartelado Quartel e para as suas personagens — fiéis ao absurdo Regulamento ou contestatárias por conveniência, perdidas entre alcunhas e gírias, enleadas num julgamento com indecisões sem fim, e que se deixarão ir tão longe quanto a revolução, ou a imaginação, lhes permitir.