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Sinopse

Costantino Ledda é condenado pelo assassinato do seu cruel tio, um crime que não cometeu. Vê nessa condenação injusta um castigo por não ter casado pela Igreja com a sua mulher Giovanna Era, casamento que adiara por falta de recursos.

A mãe de Giovanna insiste para que a filha se divorcie do condenado e volte a casar com um homem rico. Se continuar casada com o seu amado marido, Giovanna cairá na miséria. Dividida entre o amor e a sobrevivência, Giovanna Era faz a sua escolha e torna-se uma personagem inesquecível. 

Uma história de paixão, desespero, culpa e injustiça, que retrata o mundo primitivo e selvagem da Sardenha do início do século XX, com a sua ordem social fortemente hierárquica, tecida de hipocrisia e fé. 

Da nota editorial de Inês Pedrosa: 

«Giovanna é uma personagem inesquecível porque composta de igual modo por luz e sombra, impermeável aos estereótipos de mulher e mãe tão típicos nas personagens femininas do início do século XX. As mulheres de Grazia Deledda são sempre figuras fortes, mas muitas vezes resignadas à condenação que lhes é imposta pela vida, pela sociedade ou pelo destino - não é esse o caso de Giovanna, que resiste estrenuamente ao percurso sacrificial. Neste arrojado romance, o cordeiro sacrificial é o homem.»

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Autor

Grazia Deledda

Grazia Deledda nasceu em Nuoro (Sardenha) a 27 de Setembro de 1871, numa numerosa família da pequena-burguesia insular. Foi a quinta entre sete filhos e filhas de Giovanni Deledda, um pequeno empresário e terratenente, poeta auto-publicado e alcaide de Nuoro por um curto espaço de tempo (1892) e Francesca Cambosu, mulher muito devota que educou os filhos na mais rígida moral religiosa.

A sua primeira língua foi o sardo-logudorês, o idioma falado na Sardenha, sendo para ela o italiano, a língua em que mais tarde escreveria, um idioma estrangeiro. Grazia Deledda viveu na casa em que nasceu até ao dia do seu casamento, em 1900. O pai construíra a casa da família numa encosta arborizada em San Pietro, o distrito dos pastores que, juntamente com Seuna, é a aglomeração mais antiga de Nuoro (a que Deledda chamava «uma vila da Idade do Bronze»).

Em 1888, com apenas dezassete anos, publicou o seu primeiro conto, Sangue Sardo, na revista romana «Ultima moda», e contribuições suas começaram a aparecer em vários periódicos regionais, como «La Sardegna», «L'avvenire di Sardegna» e «Vita sarda». Um primeiro momento de viragem aconteceu quando, aos vinte e poucos anos, a autora começou a colaborar com a revista romana «Natura e Arte», cujo director, Angelo de Gubernatis, a envolveu num projecto de estudo sobre o folclore na Península. A sua pesquisa sobre as lendas da Sardenha será publicada pela primeira vez na «Rivista delle Tradizioni Popolari Italiane», e depois num volume autónomo («Tradizioni popolari di Nuoro», 1894). Este aprofundamento etnográfico do contexto barbaricino agropastoril influenciará profundamente a poética da jovem autora, cuja poderosa imaginação, já alimentada pelas leituras de autores italianos e franceses, absorverá as originais potencialidades narrativas da sua região natal. A partir desse momento, a terra da Sardenha, imersa em histórias e mitologias arcaicas, será o cenário favorito da escritora, que vai buscar inspiração tanto a lendas antigas como às crónicas locais, fazendo da Sardenha um teatro onde agem as pulsões mais profundos da alma humana: a luta entre o bem e o mal, a dialéctica do pecado e da expiação, o peso ético e religioso da culpa e a aceitação fatalista do destino actuarão como fio orientador da sua obra.

Em 1890, com dezanove anos, publica o seu primeiro romance, «Stella d'Oriente» e o seu primeiro livro de contos, «Nell'Azzurro», e um ano mais tarde, o seu segundo romance, «Fior de Sardegna». Será, desde muito cedo, uma escritora prolífica. O casamento com Palmiro Madesani, em 1900, e a posterior transferência do casal para Roma – cidade em que Deledda viria a morar até a morte – , marca a conquista de um espaço de harmonia e equilíbrio e de uma maior autoconsciência.

Após as boas críticas que obteve com os romances «Anime Oneste» (1895) e «La via del male» (1896), o contacto com o ambiente cosmopolita e intelectual de Roma leva a escritora a uma maior maturidade estilística. Este novo período vê nascer algumas das obras mais famosas e amadas do universo deleddiano, tais como «Cinzas» (1904), «L'edera» (1907), «Colombi e sparvieri» (1912), «Canne al vento» (1913), «Marianna Sirca» (1915) e «La madre» (1920), em que o cenário regional é enriquecido por tramas narrativas mais elaboradas e um adensamento da análise psicológica, conquistando um público cada vez mais amplo. A linguagem da escritora ganha maior riqueza lexical e musicalidade. Alguns romances de Deledda serão transpostos para o cinema, a partir do filme «Cenere» (Cinzas), dirigido e interpretado por Febo Mari e Eleonora Duse, em 1916.

Em 1926, foi-lhe atribuído o Prémio Nobel de Literatura, depois de ter sido nomeada por Henrik Schück, membro da Academia Sueca. O júri justificou a atribuição do Prémio «pelos seus textos inspirados e idealistas, que, com uma claridade plástica, retratam a vida na sua ilha nativa (a Sardenha) e que, com profundidade e simpatia, abordam os problemas humanos». Foi a primeira escritora italiana a receber o Nobel, e a segunda mulher a recebê-lo (a primeira havia sido a sueca Selma Lagerlöf, em 1909). O Prémio Nobel foi-lhe atribuído cerca de um ano depois de Benito Mussolini ter abandonado a farsa do constitucionalismo, defendendo claramente o fascismo. O próprio Mussolini, para embaraço da autora, quis oferecer a Grazia um retrato seu, que assinou com «profunda admiração». Esta súbita fama trouxe um séquito de jornalistas e fotógrafos a casa da escritora, até que um dia, vendo a que ponto as entradas e saídas constantes agitavam Checcha, o seu corvo de estimação, Deledda disse: «Se Checcha já não aguenta mais, eu também não aguento» - e fechou as portas. Continuou a escrever, mesmo depois de adoecer com o cancro da mama que acabaria por a matar. Já muito doente, escreveria os volumes de contos «La Casa del Poeta» (1930) e «Sole d'Estate» (1933), histórias em que demonstrava uma visão optimista da vida, Acreditava que a vida permanecia bela e serena, indiferente ao sofrimento humano, e que a reconciliação com a natureza a ajudaria a ultrapassar as dificuldades físicas e espirituais. Os seus últimos textos mostram a beleza da humanidade e da fé em Deus. Morreu em Roma aos 64 anos, a 15 de Agosto de 1936. O seu último romance, La chiesa della solitudine (1936), é uma descrição semi-autobiográfica de uma jovem enfrentando um cancro da mama. Depois da sua morte, foi descoberto o manuscrito completo de um outro romance autobiográfico, «Cosima», que foi publicado postumamente, em 1937. 

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