Edição critica da Crónica de D. João I, de Fernão Lopes, apoiada na escrupulosa verificação de fontes documentais, com coordenação e notas da investigadora Teresa Amado.
A primeira parte desta crónica (interregno entre a morte de D. Fernando e a eleição de D. João I) descreve a insurreição de Lisboa na narração célere dos episódios quase simultâneos do assassinato do conde Andeiro, e do alvoroço da multidão que acorre a defender o Mestre. Logo no prólogo o cronista declara “... nosso desejo foi em esta obra escrever verdade sem outra mestura...”.
O talento do cronista excede-se na composição de uma personagem coletiva, o povo, verdadeiro protagonista que estimula o desenvolvimento dos acontecimentos históricos.
A narrativa de Fernão Lopes altera radicalmente a conceção então praticada de história, abandonando a narração das linhagens míticas e aventuras fabulosas e sobrenaturais, pelo relato vivencial de situações, incutindo o rigor documental e o confronto de versões. Citando Cristiana Sobral no texto da Introdução: «O lugar de Fernão Lopes no cânone literário português é hoje tão evidente quanto o valor historiográfico que sempre se lhe atribuiu.»