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Bíblia Ilustrada - volumes 5 e 6

Assíria

Vários

Sujeito a confirmação por parte da editora



22,20 €

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Sinopse

"Numerosa documentação da Mesopotâmia e do Egipto permite conhecer melhor este aspecto particular da religiosidade de vários povos do Oriente Médio: o profetismo. Considerava-se que a divindade entrava em comunicação com o devir, através de intermediários estáveis que proferiam, em seu nome, uma palavra eficaz. Fossem eles adivinhos, extáticos, videntes, oniromantes, prestidigitadores, actuassem por vaticínios, sortes, delírios, enigmas ou combinados prestígios, vivessem solitariamente ou em bando, a sua acção desenrolava-se no quadro explícito da sacralidade. Em alguns aspectos, o profetismo bíblico, porventura o mais arcaico, prolonga esta paisagem. Sobretudo nos livros chamados Históricos recorre-se ao profeta para a decifração de sonhos, para antecipar, no enlace das sortes, algum passo denso da história ou simplesmente, como fez Saul buscando o vidente de Ramá, para encontrar bens e animais dispersos (ISam 9,6-11). Tornara-se muito frequente a procura de respostas mediante os Urim e Tumim (provavelmente as 21 letras do alfabeto hebraico que, retiradas ao acaso do Éfode, construíam ocasionais palavras tidas por significativas).
No princípio, esses investidos de Deus eram chamados videntes ou contemplantes, como todos os outros, até que, num impulso de diferenciação, se passam a designar por nebîim (anunciadores, proclamadores, profetas). A tradição bíblica corrigia assim figuras que pareciam em dissonância com a sua cada vez mais vigorosa concepção de um Deus transcendente e único. O primeiro profetismo operava num religioso em convulsão e próximo de mais de uma ancestralidade que funde magia e mito. A nova corrente profética desloca-se para o plano da interpretação teológica da história, insistindo fundamentalmente na sua reinvenção ética. Vozes tão diversas como as de Isaías, Jeremias, Oseias e Amós têm em comum o exercício de uma missão religiosa que os inscreve como consciência crítica no interior dos processos temporais, dos quais eles próprios não se isentam, procurando nessa obstinada entrega a sua transformação. As soluções que avançam nada têm já de artifício, antes nos encaminham para uma espécie de renovado contrato social: a prática da justiça, a correspondência solidária que ultrapasse a fronteira de classes e povos, um intransigente investimento na construção de uma paz ao mesmo tempo política e poética. A Palavra torna-se veículo utópico. Intensifica-se. Deve anunciar, sem relatar. Deve relatar, sem descrever. A Palavra é também alguma coisa fundada no desconhecido. A Palavra, a possibilidade de Deus."

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