Partilhar

Desconto: 10%
14,39 € 16,00 €
Wishlist Icon

Poderá gostar

Desconto: 10%
12,96 € 14,39 €
Wishlist Icon
Desconto: 10%
14,99 € 16,65 €
Wishlist Icon
Desconto: 10%
13,41 € 14,90 €
Wishlist Icon
Desconto: 10%
14,94 € 16,60 €
Wishlist Icon
Desconto: 10%
14,31 € 15,90 €
Wishlist Icon
Desconto: 10%
6,93 € 7,70 €
Wishlist Icon
Desconto: 10%
11,25 € 12,50 €
Wishlist Icon
Desconto: 10%
5,00 € 5,55 €
Wishlist Icon

Detalhes do Produto

Sinopse

Quantos regresso(s)? O de Ajax. O de Ulisses fica claro. O cão que espera Ajax remete para Argos, o de Ulisses, o único ser vivo que o reconhece imediatamente no regresso a Ítaca, para logo morrer. Outros regressos? O de Agamemnon é outra tragédia. Mas não haverá outros, outras vias realizáveis? Talvez o regresso da Jovem Mulher à vida vivível feita a travessia lutuosa que o texto propõe após o massacre, os corpos traumatizados pelas violações em série. É outro, este regresso: no final de Ajax Regresso(s) um regresso ganha de facto protagonismo, o regresso à vida depois da mortandade está na sugestão da adopção da criança órfã e na construção de uma nova família como horizonte — o princípio esperança aí reside.

Ajax é pós catástrofe, teatro da catástrofe. O que devém narrativa é fora do drama, não há o momento de purga emocional por via de um clímax que a resolva em choque, o mar de sangue já foi. Sabemos logo que os últimos combatentes atravessaram a aldeia. É o caso de Ajax — cujo nome nunca é pronunciado pela sua “alegada” mulher que, não o nomeando, se recusa a ver nele o outro que ele diz ter sido —, o último a largar as armas, o guerreiro que combateu até ao último morto.

A peça explora, obsessivamente, entre tantos regressos, um regresso que no presente dos acontecimentos narrados a Ajax se veda, o re-gresso à sua vida anterior, o regresso da sua vida anterior. É o seu projecto actual, o desejo que o toma, o sentido do caminho que cumpriu até à terra natal, agora desfigurada, como ele próprio. Tudo virou sombra, as ruínas são a mesma terra devastada por toda a parte, dessa destruição não emergem singularidades de arquitectura e rostos que sejam memória identificável, nada é o que foi.

A tentativa de recoser a vida a partir de uma vivificação dos anos de amor e paz, memória incerta, necessita de confirmação no acolhimento da “alegada” esposa e esbarra na respota negativa da Jovem Mulher: «não te conheço, não sei quem és» — Ajax não é o herói da tragédia, mas um serial killer que de matar já nem sabe quem mata. Esse regresso a si mesmo, no tempo, como futuro, é-lhe impedido, a violência espalhou-se como uma metástase, generalizando-se em função do antagonismo para com o outro que, a certa altura, são os nossos chamados outros.

Ler mais

Amostra

Autor

Jean-Pierre Sarrazac

Jean-Pierre Sarrazac (n. 1946) é ensaísta, autor dramático, encenador e conselheiro literário.

Foi professor no Instituto de Estudos de Teatro da Universidade Sorbonne Nouvelle, onde fundou o histórico grupo de investigação Poétique du drame moderne et contemporain, que animou até 2010. O seu contributo conceptual para a investigação em estudos teatrais é imenso. Escreveu e dirigiu numerosas obras traduzidas em várias línguas – Poétique du drame moderne (Seuil, 2012), Théâtres intimes (Actes Sud, 1998), O Futuro do Drama (Campo das Letras, 2006), Vou ao Teatro Ver O Mundo (INCM/TNSJ, 2016), entre outras – e forjou conceitos fundamentais para o estudo do teatro contemporâneo – rapsódia, drama-da-vida, infradramático, arte do desvio etc. –, sendo hoje uma referência incontornável no âmbito dos estudos de teatro no seu país, França, e no estrangeiro. Dedicou grande parte dos seus ensaios à mutação do drama contemporâneo, dando particular atenção a autores como Ibsen, Strindberg, Pirandello, Brecht, Beckett, Duras, Koltès ou Lagarce. O seu interesse pela função do teatro, pela sua dimensão cívica, leva-o a escrever Critique du théâtre: de l’utopie au désenchantement (Circé, 2000), que agora publicamos em língua portuguesa.

Ler mais