Neste ágil, bem documentado e provocatório volume, que constitui um instrumento essencial para interpretar a problemática da arte dos nossos dias, Mario Perniola discute com a maior competência e familiaridade as tendências artísticas (posthuman, realismo psicótico, arte extrema) e os movimentos culturais (pós-modernismo, cyberpunk, pensamento da diferença) mais recentes e mais desconcertantes.

A pergunta que orienta a sua investigação pode ser formulada da seguinte forma: existe alguma hipótese de grandeza na arte actual? Muita gente duvida: na verdade, o mundo da arte parece dominado por interesses comerciais que reduzem a arte a produção e promoção de obras que parecem ser simplesmente objecto de exploração económica. Contra esta mercantilização, foi erguido o protesto da anti-arte, que muitas vezes não possui um conhecimento muito perfeito do carácter complexo e enigmático da experiência artística, acabando por substituí-la por uma forma de comunicação lúdica e efémera.

Todavia, é à sombra destas opiniões opostas que, segundo Perniola, nasce e cresce uma nova orientação artística e estética, caracterizada pelo reconhecimento da dificuldade da arte. A ideia que se demarca neste texto desenvolve-se no sentido de uma visão críptica, que tenta exprimir tanto a resistência nos confrontos da banalidade e da homogeneização, como a singularidade de um espaço que se define ao mesmo tempo como exterior e interior. Ao que parece, para Perniola, a obra de arte do futuro será críptica ou não será.