Bye-bye Donald! Hello Covid...

... ou como visualizar inimigos invisíveis

Em toda a sua concepção original, passando pela selecção de membros para os júris anuais, catálogos, entrega de prémios e exposições, o World Press Cartoon foi desenhado a pensar na dignificação de um género jornalístico que é, como bem observou a propósito de uma das nossas edições um prestigiado jornalista português, "o último reduto da irreverência mal-comportada" na imprensa escrita.

Desde 2005, ao longo de 16 edições quase sem interregno - a crise do subprime roubou-nos o salão de 2016, mas conseguimos sobreviver à pandemia...- construímos um lugar de encontro de talentos e esperamos ser um incentivo à criação de qualidade neste domínio. Nas Caldas da Rainha, cidade criativa por excelência e como tal reconhecida pela Unesco, viemos encontrar uma envolvente artística e uma dinâmica de animação cultural nas quais os nossos objectivos programáticos se enquadram na perfeição.

Acreditamos que o World Press Cartoon contribuiu para dar algum alento aos autores no duro contexto da grave crise que a imprensa internacional atravessa. Este evento dá, a cada ano que passa, novos argumentos aos editores para que este importante conteúdo não seja varrido das páginas dos seus jornais.

O andar do mundo em mudança, acelerada mudança, revela-se amplamente em mais um World Press Cartoon. E, por muito que custe àqueles que lá não estão, os EUA ainda são a potência que domina muitos dos pequenos mundos que, somados e articulados, quais átomos numa molécula, fazem esse nosso mundo. Mundo dos cartoons incluído. Não é de estranhar, portanto, que o nosso salão de 2021 seja dominado por dois fenómenos virais: Donald Trump, o derrotado, e SARS CoV 2, um inimigo a caminho da derrota, mas ainda devastador. Os dois continuam a fazer mossa, este mais do que o outro, qualquer dos dois fardo pesado para a Humanidade e travão ao seu progresso.