O Atlântico Sul, pelas relações entre Portugal e o Brasil, oferece um campo de investigação privilegiado das tensões e complementaridades entre dois estados e duas nações que partilhavam até 1822 um espaço político comum. A evolução específica de cada um implica uma readaptação permanente a cada momento histórico e a sua transmutação nos textos diplomáticos. Os diferentes tratados assinados entre Portugal e o Brasil, entre 1825 e 2000, esforçam--se por traduzir consensualmente os diferentes interesses nacionais, as dificuldades criadas pela mudança das relações de força, e a dinâmica imposta pela transfiguração do universo das relações internacionais. A opção pela primeira data, coincidindo com o reconhecimento da separação do Brasil pelo rei D. João VI, permite-nos apreciar o processo desde os seus primórdios. Por outro lado; a escolha de 2000 viabiliza a realização de um balanço de cerca de século e meio de relações diplomáticas entre dois estados assente numa inegável continuidade histórica.