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Detalhes do Produto
- Editora: Revista Três Três
- Categorias:
- Ano: 2024
- ISBN: 9786120018835
- Número de páginas: 48
- Capa: Brochada
Sinopse
A Revista Três Três é uma publicação cultural de ensaio, literatura, crítica e crónicas, mantendo uma componente gráfica forte. Em cada número é lançada uma palavra em torno da qual os diversos participantes se expressam. É essencialmente heterogénea no conteúdo e localizada no propósito: alimentar um espaço de expressão.
Surge nas Caldas da Rainha a partir de um grupo de debate, na época ligado ao colectivo Electricidade Estética. Num conjunto de pessoas das mais diversas áreas, como a poesia, a filosofia, a história, a psicologia e as artes-plásticas, emerge a necessidade de materializar essas e outras vozes. Hoje, está ligada ao Atelier Arte e Expressão.
Atualmente, a edição está a cargo de Fausto Vicente (edição gráfica), Gonçalo Fonseca e Pedro Xavier Mendonça.
Este número sobre o Tempo:
Não conseguimos segurar o tempo, mas é possível ter uma revista nas mãos. Olhar para trás, para os cerca de doze anos e mais de dez números da revista Três Três, é fazer esse esforço de segurar o tempo nas mãos através das folhas de papel ou da imagem num ecrã. Evitando fazer balanços, que têm sempre um certo odor a arquivística, façamos o movimento de recolher na consciência a sensação do tempo passado e das coisas construídas.
Uma revista feita de temas permite no olhar retrospetivo saber que ideias e palavras nos ocupavam. Começámos com a cidade, em 2012, um número zero em que a simples nascença nos bastava e o pensar o nosso lugar nos movia. Fizemos logo uma curva, no ano seguinte, pensando essas mudanças nos caminhos. E quisemos crescer, com a escala, e mexer, com os movimentos, para depois perceber que nos repetíamos, com a cópia. E sobretudo errámos, com o erro, esse magnífico monstro, que é lançado para as margens onde o que é certo também nasce, pela mão marginal. Das muitas margens aos muitos centros, intermutáveis, aceitámos de seguida refletir sobre o sintoma, para terminarmos na metafísica da origem, com o autor, para aceitar por fim o teatro, com os seus bastidores.
Hoje, temos o tempo…, o tempo que nos molda, que nos condiciona e nos coloca em perspetiva, o tempo que dá sentido à existência, o tempo que dizem ser relativo, que desde sempre sentimos como relativo na experiência banal da sensação como ele decorre, ora lento ora fugaz, o tempo linear e o tempo circular.
O tempo que tentamos domar, com medições, com relógios e cronómetros que medem o milionésimo de segundo, as voltas da Terra ao Sol e a si mesma, esquecidos de que nem todos nós o medimos da mesma forma, com os mesmos instrumentos, que para alguns o tempo é tão-somente uma eterna repetição de um acontecimento primordial. Neste número, temos o tempo multiforme, multiplicado, desdobrado.
Ao décimo tempo criámos um novo tempo a cinco tempos que se divide em memória, em que o Ricardo Norte retrata “Se me perguntarem”; poesia, com “Colégio” de José Ricardo Nunes e “Segunda Pele”, de Maria Teresa Duarte Martinho; um terceiro tempo com um conto de Gonçalo Fonseca em que “O Tempo é contínuo, mas também dá saltos para a frente e para trás”; um quarto tempo para o ensaio a quatro tempos, com
“A atenção, o kairós e um presente histórico incerto: deambulações pelo tempo”, de Nélio Conceição, “O tempo castrado”, de Henrique Manuel Bento Fialho, “O tempo e as coisas”, de Pedro Xavier Mendonça e “A crueldade do pêndulo”, de Deolinda Leão, terminando com um quinto tempo para um ensaio fotográfico intitulado “Kitsune revisited, 2021”, de Patrícia Faustino.
Este número, tal como todos os outros, da escolha do tema à revisão final, passando pelos convites aos autores, tem um tempo muito próprio. Esta revista tem um tempo que é seu porque tem poucos limites. O ciclo de cada edição tanto pode demorar três meses como três anos. Depende dos tempos de cada um.
Esperamos continuar a tê-lo, esse tempo, ou talvez seja mais correto dizer que esperamos conseguir arrumá--lo, colocar-lhe um freio de modo que tenhamos tempo para fazer mais números da Três Três.
Quando a revista deixar de inspirar e expirar, ficam estes números como testemunho de um tempo que existiu para todos nós, autores e leitores.
E por quanto tempo?
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