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Detalhes do Produto

Sinopse

Nestas fotografias dos Açores transparece, de uma forma complexa e misteriosamente guiada, que elas são o eco de acontecimentos colectivos filtrados por uma sensibilidade individual. É o gesto instintivo em toda a sua pureza ao serviço de uma sensação, de um olhar. Fotografar pescadores e situações no mar como o Alexandre fotografou revela um poder de fascinação que vem da claridade e da pureza da intenção. Não existe cálculo sofisticado nem ingenuidade mas uma maneira de ficar o mais perto possível ao lado da vida. É como se fosse uma tentativa de atingir a plenitude comunicativa. As fotografias do Alexandre, sem serem panfletárias, deixam transparecer uma leve denúncia da desigualdade dos sistemas sociais e da injustiça que daí advém. São fotografias com linearidade do olhar, profundas, duras, ao mesmo tempo espelho e reflexo.

São exemplo de como a fotografia é a grande mentira. O instante que se reproduz tem um mínimo de realidade, realidade que é composta de muitas fracções de tempo igual ao utilizado. A fotografia do olhar, a frontalidade, faz prolongar a duré, é como dilatar o tempo do obturador. É ficar mais tempo olhando da mesma forma a vida, ou a morte, como se olha a máquina. E os pescadores não olham a máquina com tranquilidade, olham-na com desafio. Em linguagem comum, é como se dissessem para o fotógrafo: "ai querem fotografias? então lá vai disto!" E o "lá vai disto" é um olhar penetrante, destemido, capaz de fazer em estilhaços a câmara que lhes quer imortalizar um instante. Um instante neutro, sem história que precisa da nossa imaginação para ter antes e depois."

Alfredo Saramago

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Autor

Alexandre Delgado O'Neill

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