«O sétimo centenário da criação da Universidade em Portugal foi lembrado e comemorado mediante diversas manifestações de natureza cultural e de sensibilização pública.
Durante essas comemorações, a nossa atenção foi chamada, uma vez mais, para, entre outros temas, o da localização primitiva do Estudo Geral português. Não se trata, como é sabido, de assunto novo, nem sequer — cremos — de uma questão que se tenha tornado polémica. Poderá, inclusivamente, considerar-se o tema da localização como um pormenor historicamente secundário. Há quem o tenha evitado ou dele não se tenha ocupado, talvez por não lhe reconhecer direito de cidadania histórica. Mas, a verdade é que este tema está presente desde, pelo menos, o século XVII na historiografia nacional, transpôs no século XVIII os portais da Academia Real da História Portuguesa, entrou em tal centúria na historiografia especializada da Universidade e, depois de ter marcado algumas presenças no discurso oitocentista, mereceu, já no século xx, na sua primeira metade, aprofundada atenção de olisipógrafos e de historiadores do ensino superior, tendo subido cedo os degraus da Academia das Ciências de Lisboa e constituído, posteriormente, matéria de bom número de páginas de vários membros da Academia Portuguesa da História.
As opiniões expendidas ao longo do tempo acerca da referida localização não foram unânimes e, ao findar o século xx ainda há, como se verificou recentemente, quem desconheça ou entenda não dever reconhecer o progresso feito na investigação do tema. Sentimo-nos, por isso, tentados a retomar o assunto e ensaiar a revisão metódica do tema, para dela extrairmos o estado actual da questão.»