A Avó canta histórias, conta canções. Os seus dedos são como ramos que dançam e tecem as personagens dos seus contos, que vão ficando entrançadas na colcha. E quase não cabem mais histórias na colcha…
— Um, dois, três — murmura a Avó, contando enquanto faz croché. — Um, dois, três, minha menina, meu amor, minha querida. Um, dois, três, Pequena, Mãe, Avó. Um, dois, três, nós as três, meu tesouro. Um, dois, três, as três que somos todas juntas.
Um conto que é uma homenagem de duas netas à sua avó, um canto à transmissão geracional e ao legado das mulheres, que mantém viva a sabedoria popular.
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María Sender
Nasci há um punhado de anos numa cidade industrial. Um dia viverei num farol junto ao mar.
Agora vivo numa casa grande e branca perto do bosque, o que também não está nada mal. Quando vou passear, tento não sair do caminho para evitar os lobos ferozes e as fadas. Bem, às vezes. Outras vezes prefiro segui-los até ao mais profundo do bosque, onde fazemos festas e inventamos histórias, que é aquilo de que mais gosto no mundo.
Também gosto de fazer croché e tricotar. E de fazer feitiços, mas essa é outra história.
Foi a minha avó Dulce quem me ensinou a fazer croché e a narrar.
Agora sou eu que o faço. Suponho que por isso me tornei professora, para poder contar histórias em voz alta. E escritora, para poder inventar por dentro.
Ler mais Ana Sender
Nasci em 1978 numa cidade chamada Terrassa, na periferia de Barcelona.
Tenho sorte de me dedicar a ilustrar e a escrever histórias há bastantes anos.
O que pouca gente sabe é que também sou uma grande colecionadora de medos. Tenho um medo vermelho e brilhante como o sangue fresco; outro é grande, escuro e viscoso; também tenho um tão pequeno como um grão de arroz e outro que sabe assobiar. Uma vez tive um medo que era parecido comigo, mas com os olhos maiores. Também tive um medo em forma de ovo preto, pesado e frágil, como o que desenhei neste conto.
Desenhar quase nunca me dá medo e é das coisas de que mais gosto no mundo. Outras coisas de que gosto são bosques, partilhar histórias, a minha filha Ariadna, javalis e quando consigo fazer algo, mesmo que me assuste.
Se pudesse, passaria a vida na água.
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