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Detalhes do Produto

Sinopse

Prémio Vida Literária APE/CGD

Esta reedição de «Pena Capital» inclui diversos poemas e textos inéditos, como por exemplo «carta casi-poema para octavio paz» (p. 210), «mário sério» (p. 215), «sombra de almagre» (p. 217), entre outros.

«Os textos deste livro foram escritos de 1948, como no poema "Corpo Visível", a 1976, como em "Informação Cancional ao Poema, Nemésio", com excepção do poema "Este fresco Jardim", que é de 1942 e fecha o livro.» Como refere o poeta e crítico Gil de Carvalho ("Expresso-Cartaz") « Cesariny escreve neste livro alguns dos poemas máximos da língua no presente século E que são, entre outros, "a um rato morto encontrado num parque", "a antonin artaud", "alegoria do mundo na passagem de arnaldo villanova", "shaftesbury avenue"... Depois há belos poemas e muitas maquetes felizes, os vários jogos e presenças de quem pinta, faz a cidade e os versos, as tais coisas, da ordem do dia, às quais parece estar sempre atento.» Mário Cesariny (n. 1923), poeta, pintor, vindo do surrealismo, que a seu modo inventou, é, sem dúvida, um dos grandes poetas deste século, que agora finda. O tom da sua escrita, que vibra como uma cidade, como um corpo, é, ao mesmo tempo, coloquial e mágico, presente e oculto, poético e prosaico. O humor, a ironia, a surpresa brotam nestes poemas, fazendo deles actos de insurreição, manifestos, coisa viva. Como o poema "de profundis amamus", que a seguir poderá ler, por cortesia do editor.

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Autor

Mário Cesariny

Poeta, autor dramático, crítico, ensaísta, tradutor e artista plástico português, nasceu a 9 de agosto de 1923, em Lisboa, e morreu a 26 de novembro de 2006, também naquela cidade.

Depois de ter estudado no Liceu Gil Vicente, entrou para Arquitetura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, onde frequentou o primeiro ano, e mudou depois para a Escola de Artes Decorativas António Arroio. Depois de ter frequentado esta escola, prosseguiu estudos de belas-artes em Paris, tendo, ainda, estudado música com o compositor Fernando Lopes Graça.

Figura maior do surrealismo português, a influência que viria a exercer sobre as gerações poéticas reveladas nas décadas posteriores aos anos 50, período durante o qual publicou alguns dos seus títulos mais significativos, ainda não foi suficientemente avaliada. Promoveu a técnica conhecida por "cadáver esquisito", que consistia na elaboração de uma obra por um grupo de pessoas, num processo em cadeia criativa, na qual cada uma dava seguimento à criatividade da anterior, resultando numa espécie de colagem de palavras, a partir apenas de um acordo inicial quanto à estrutura frásica.

Colaborou em várias publicações periódicas como Jornal de Letras e Artes e Cadernos do Meio-Dia, entre outras. Começou por se interessar pelo movimento neorealista - ainda que essa breve incursão não tenha ultrapassado mais que uma postura irónica e paródica, firmada em Nicolau Cansado Escritor - para, em 1947, regressado de Paris, onde frequentou a Academia de La Grande Chaumière e onde conheceu André Breton, fundar o movimento surrealista português.

A sua postura polémica na defesa de um surrealismo autêntico levou-o, porém, a deixar o grupo no ano seguinte, para criar, com Pedro Oom e António Maria Lisboa, o grupo surrealista dissidente.

Como um dos principais críticos e teóricos do movimento surrealista, manteve ao longo da sua carreira inúmeras polémicas literárias, quer contra os detratores do surrealismo quer contra os que, na prática literária, o desvirtuavam.

A sua obra poética começou por refletir, em Corpo Visível ou Discurso Sobre a Reabilitação do Real Quotidiano, o gosto pela observação irónica da realidade urbana que, fazendo-se eco de Cesário Verde, constitui ainda uma fase pouco significativa relativamente a volumes próximos da prática surrealista como Manual de Prestidigitação. Aí, a mordacidade e o absurdo, o recurso ao insólito, aliados a uma discursividade que raramente envereda por um nonsense radical, como ocorre na obra de António Maria Lisboa, permitem estabelecer, como nenhum outro autor da década de 50, um ponto de equilíbrio entre o primeiro modernismo e a revolução surrealista.

No domínio do teatro, em Um Auto Para Jerusalém, pastiche de um conto de Luís Pacheco, revela a influência de Pirandello ou da prática teatral de Alfred Jarry. No fim da década de 60 e início de 70, Mário de Cesariny encetou um trabalho de reposição da verdade histórica do movimento surrealista, coligindo os seus manifestos, editando a obra poética inédita de alguns dos seus representantes, e dando ao prelo textos seus datados do período de maior envolvimento com a teoria e prática do surrealismo, como 19 Projectos de Prémio Aldonso Ortigão seguidos de Poemas de Londres (1971), ou Primavera Autónoma das Estradas (1980) ou Titânia (1977).

Em 2005, recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, entregue pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio, e, em novembro desse mesmo ano, foi galardoado com o Grande Prémio Vida Literária, uma homenagem à sua notável contribuição para a literatura portuguesa.

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