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Sinopse

Embora inconscientemente, nem sempre o tenha sabido, o palhaço exerce sobre mim uma atracção profunda, justamente porque está separado do mundo pelo riso. O seu riso nada tem de fantástico, é apenas um riso silencioso, o que nós chamamos um riso sem alegria. O palhaço espantosamente ensina-nos a rir de nós próprios. […] O circo não passa de uma arena pequena fechada e um lugar de esquecimento.
Durante alguns instantes permite que nos abandonemos, que nos desfaçamos em maravilha e felicidade, transportados pelo mistério. Saímos de lá como que envolvidos numa neblina, entristecidos e horrorizados pela face quotidiana do mundo. Mas este velho mundo quotidiano, este mundo com o qual julgamos estar por de mais familiarizados, é o único que existe – e é um mundo de magia, de magia inesgotável. Como o palhaço, vamos fazendo as nossas piruetas, aparentando sempre, adiando sempre o grande acontecimento. Morremos a lutar para nascer, pois nunca fomos e nunca somos. Estamos sempre na relatividade de vir a ser, separados, desligados sempre. Sempre do lado de fora da vida. […] Eu desejava que o meu herói deixasse este mundo como o fenecer da luz. Mas não para a morte.
Gostaria que a sua morte iluminasse o caminho. Não a via como o fim de tudo, mas como o princípio. Quando Augusto se torna ele próprio, a vida começa – e não só para Augusto: para toda a humanidade.

(Do Epílogo)

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Autor

Henry Miller

Henry Miller nasceu em Brooklyn, nos Estados Unidos da América, a 26 de dezembro de 1891. Em 1930, respondendo a um espírito aventureiro e ao desejo de se dedicar à escrita, partiu para a Europa e fixou-se em Paris. Foi aí que, em 1934, publicou o seu primeiro romance autobiográfico, Trópico de Câncer, a que se seguiu, em 1939, Trópico de Capricórnio, ambos banidos durante quase três décadas nos Estados Unidos. Em 1942, pouco depois de se instalar definitivamente na Califórnia, iniciou a redação da trilogia Rosa-Crucificação, Sexus, Plexus, Nexus, considerada uma das suas obras maiores, onde conjuga reflexão metafísica com um erotismo explícito. Miller foi um dos mais marcantes autores americanos do século xx, cuja insubmissão, quer na vida, quer na literatura, viria a influenciar fortemente a chamada beat generation. Faleceu em casa a 7 de junho de 1980.

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