A estrutura emergente do sector energético português, em paralelo com a tendência mundial e sob a pressão decorrente de directivas comunitárias, está a facultar às empresas actuantes na indústria da electricidade vivo incremento de flexibilidade nas suas decisões de gestão. A transição de um regime de monopólio de uma empresa estatal regulada para um novo mercado liberalizado e competitivo, ainda que com a persistência de alguma regulação económica sectorial, põe novos desafios às empresas que ora passam a operar em ambiente de maior incerteza e acrescida volatilidade. Perante uma previsível novel dinâmica da iniciativa privada para fazer face à necessária ampliação da capacidade de produção instalada no País de modo a que a oferta possa satisfazer a procura crescente dos últimos anos, há que criar instrumentos que possam sustentar uma correcta política de investimentos estratégicos nesta indústria.

As características únicas da electricidade enquanto commodity, a inovação tecnológica, o desmantelamento das actividades da cadeia de valores e as novas regras da arte, nomeadamente o novo enquadramento regulatório e as marcantes interacções estratégicas têm impacto crucial no comportamento dos preços dos mercados spot recém-criados.

O livro pretende de início aprofundar o conhecimento do processo de reestruturação da indústria da electricidade no contexto de transformação do sistema regulatório e da introdução da concorrência, para depois proceder a uma análise crítica da experiência internacional, en passant pelo caso do MIBEL.

Enfim, recorrendo a modelos de heteroscedasticidade condicional autorregressiva avalia-se a evolução temporal do comportamento dos preços spot nalguns mercados de energia da União Europeia. Investiga-se ainda, recorrendo a modelos econométricos, a eventual existência de integração entre alguns de tais mercados, a fim de aferir o actual estádio de construção do Mercado Interno Europeu de Electricidade.