«Como já estava acostumado a acontecimentos inexplicáveis, o velho ficou apenas um pouco surpreendido quando recebeu das mãos de um estranho um passaporte com um nome que não era seu, um visa e uma autorização de saída para um país que ele nunca esperara, nem mesmo desejara visitar. Ele era de facto muito velho e estava habituado a uma vida sem grandes horizontes, vida essa que vivera sozinho, sem contactos humanos; encontrara mesmo uma espécie de felicidade na pobreza. Tinha um pequeno quarto para viver e dormir, uma cozinha pequena e uma casa de banho. Uma vez por mês chegava a uma pequena pensão, embora fosse suficiente, de alguns não sabia e onde. Talvez tivesse alguma coisa a ver com o acidente de há alguns anos que o privara da memória. Tudo o que lhe ficara daquela ocasião for a um ruído agudo, um clarão como o de um raio e depois uma longa escuridão cheia de sonhos confusos da qual acordara finalmente no mesmo quarto pequeno onde vivia agora.»
A Última Palavra é uma história poderosa, profundamente humana e tão envolvente como sempre.