Tradução de Sara Ludovico.

A 59ª edição da Bienal de Arte de Veneza sob curadoria de Cecilia Alemani adopta o título O Leite dos Sonhos, obra da surrealista Leonora Carrington, que foi uma extraordinária pintora e contadora de histórias que adorava inventar contos e desenhar para os seus filhos.

Leonora viveu grande parte da sua vida no México. Na casa onde vivia, cobriu as paredes de um dos quartos com desenhos de criaturas híbridas e maravilhosas, de plantas ferozes, de animais oníricos, enquanto ia contando aos filhos histórias hilariantes e fantásticas a partir deles.

Mais tarde, esse quarto foi todo pintado de branco, mas alguns dos seus tesouros ficaram preservados num caderninho ao qual Leonora Carrington deu o título de Leite dos Sonhos.

John tem asas em vez de orelhas; Humbert, um rapaz insolente que faz amizade com um crocodilo e que se torna ainda mais insolente; Janzamajoria, uma bizarra e assombrosa máquina – são estas algumas das personagens que encontramos em O Leite dos Sonhos, um livro que é tão improvável, ultrajante e sonhador como os próprios sonhos.