Era uma vez uma velha que tinha um gato.O gato era muito comilão e andava semprea ver se surripiava alguma coisa...

Os contos tradicionais que circulam por toda a Europacostumam ter muitas vezes presente a figura de umgato, açambarcador e guloso, como o desta história, eque devora tudo o que lhe aparece à frente. No clássicode 1945, “A famosa invasão dos ursos na Sicília”, oautor, Dino Buzzati, já fazia referência a um felinotremendamente voraz que, segundo consta, actuava nasmontanhas sicilianas.
Para além deste conto popular dinamarquês, háhistórias semelhantes na Irlanda, Escócia… E muitoprovavelmente, arrastado por vozes anónimas quecaminharam desde o norte ao longo dos séculos, chegouaté nós a lenda deste bichano voraz e incomparável.Não satisfeito em devorar uma panela cheia de papas,acrescenta ao seu ilimitado menu – sem qualquerproblema de digestão – uma velha, um anão, umhomem num burro, cinco passarinhos, sete meninas,uma dama, um clérigo… Mas quis o destino, por fim,que todos os que foram a parar às tripas do gato comilão tenham encontrado um final feliz, escapandoao seu trágico destino. Apesar de tudo, este felino é de carácter reincidente...
A narrativa destaca-se pela sua agilidade, repleta de sentido de humor, e por um tom cuidado queconserva o estilo da oralidade. Quanto às ilustrações, Oliveiro Dumas elabora um trabalho bemconseguido e divertido. Texto e imagens complementam-se, dando assim lugar a um álbum redondo.