O autor deste romance traça o arco de vida de duas personagens que representam o destino de muitos portugueses no início do século XX.
Com um país à procura de um sentido comum, com um regime em fim de ciclo e uma instabilidade social e económica assinalável, profundamente sentida pelos mais desprotegidos, a história de Carlos e Pedro é, na verdade, a daqueles que, em busca de melhores condições de vida, tudo arriscam à aventura em terras longínquas, especificamente em África. Aí, como aconteceu com muitos outros – daí o universalismo desta abordagem ficcional –, são confrontados com uma sociedade complexa, diferente, com todo um conjunto de questões novas, que, uma vez expostas e devidamente enquadradas, permitem ao autor a partilha de uma visão das várias dinâmicas sociais, raciais, económicas e culturais da época. O modo como toda esta trama enreda as personagens e a teia de relações que propicia contribuem naturalmente para forjar o difícil percurso dos dois jovens, verdadeiros ícones representativos de uma época conturbada da história de Portugal.