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Metrónomo sem Função

Laura do Céu

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Sinopse

Nesta sua estreia literária, Laura do Céu, pseudónimo de Soraia Simões de Andrade, procura uma linguagem ficcional a partir da autobiografia, entendida não como representação mimética de um percurso de vida da autora, mas como a ficcionalização da trajetória que a consciência subjetiva da narradora empreende em busca de compreensão do seu lugar no mundo.

Dois eixos me parecem igualmente determinantes e imbricados na estruturação desta narrativa: a reflexão sobre a dimensão proteica da perda, codificada nas perdas pessoais da narradora, na fabulação do corpo em perda e do confinamento hospitalar, e nos caminhos que essas perdas abrem em termos da autocompreensão e da afirmação do sujeito da escrita; e a coincidência desse processo de descoberta e afirmação pessoais com o lento despertar da consciência cívica e da liberdade criativa e do lazer numa jovem democracia na periferia da Europa. O episódio da professora Cassilda e de como ela deixa de “reguar” os seus alunos é talvez o melhor indício da importância deste registo, como o metrónomo, com a sua história anticolonial, é o objeto que melhor marca um tempo fora dos gonzos, as ressurgências palimpsésticas da moralidade patriarcal na confluência do mundo rural e da urbe provinciana. A unir estes dois eixos está o trabalho romanesco sobre o nome próprio, e que cimenta a dimensão autobiográfica ficcional desta narrativa: a autobiografia é sempre o relato da conquista de um nome. O nome é o “pior de todos” os epítetos dispensados pelos colegas de escola à pequena Zoraide, e “deixou de ser um problema” apenas no culminar de um ato de coragem em que ela se insurge contra o abuso físico e psicológico da professora sobre os alunos, um dos rostos serôdios do outro tempo, e assim afirma e institui a consciência de um novo direito.

O motivo da escrita como costura merece atenção especial: costura entre o vivido e o diário, e entre o diário e a sua distensão crítica na efabulação. Este é um motivo que conjura uma das figuras mais poderosas do livro, a da cicatriz que a mãe exibe à filha sempre que lhe ralha, como marca de que o nascimento é para esta narradora uma história sem remate anunciado.  

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Autor

Laura do Céu

"Nasceu em Coimbra (Sé Nova, 7 dez, 1976). Investigadora e escritora. Pós-graduada em Estudos de Música Popular, mestre em História Contemporânea pela FCSH, doutoranda em História na NOVA/FCSH; tem em curso o projecto de tese intitulado Literatura(s) de uma Mulher Musical em trânsito. No âmbito académico publicou Passado Presente. Uma Viagem ao Universo de Paulo de Carvalho (2012), RAPublicar – a micro-história que fez história numa Lisboa adiada (Editora Caleidoscópio 2017) e Fixar o (in) visível. Os primeiros passos do RAP em Portugal (Editora Caleidoscópio 2019). No âmbito literário publica com o pseudónimo Laura do Céu, junção de nomes das avós, materna e paterna respectivamente, publicou Metrónomo sem Função (2020), prosa narrativa, e (S) EM TERRA (2021), poesia, pela ORO/Caleidoscópio. Realizou o documentário A Guitarra de Coimbra para a RTP2 (2019); dirige a Revista Mural Sonoro; realizou diversas curadorias e trabalhos como ghostwriter por convite. Foi distinguida com o Prémio Megafone Sociedade Portuguesa de Autores (2014). Foi investigadora do Instituto de História Contemporânea (Fev 2015 – Agosto 2020) e é investigadora do CEF da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, no pólo FCSH NOVA correspondente ao centro História. Territórios. Comunidades. Fazem parte da sua investigação a história oral, a dimensão histórica da linguagem literária na música, a relação entre cultura, sociedade, memória e género."

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