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Sinopse

Trabalhar o texto dramático deste espectáculo com Eunice Muñoz, Eva Wilma e Ricardo Pais foi um susto e um privilégio. É que, quando nos sentámos no Porto e depois em Lisboa para aquela prática a que se costuma chamar leitura do texto, apercebi-me, com eles, por eles, do muito que havia de errado e incompleto e obtuso, em suma, não-teatro ainda, no que eu tinha fixado em livro com o mesmo título (Madame, Sociedade Portuguesa de Autores / Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1999). Não é renegar, mas aquela primeira versão dizia de mais ou de menos. E surgiu, com toda a evidência, um filão que eu pouco trabalhara, porque a escrever não se ouve com a mesma escuta: estas duas Madames, e principalmente as suas duas serviçais, não falam a mesma língua. O português e o brasileiro, para se entenderem, têm de traduzir-se. Também nós, glosando Mark Twain, somos dois povos separados pela mesma língua. O que é cómico e desconfortável, tanto mais se se quer fazer Machado e Eça, século XIX, burguês e rústico, tragicomédia de costumes que passa (ou não passa) na fala.

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Autor

Maria Velho da Costa

Nascida a 26 de junho de 1938, em Lisboa, Maria Velho da Costa licenciou-se em Filologia Germânica pela Universidade de Lisboa e obteve o curso de Grupo-Análise da Sociedade Portuguesa de Neurologia e Psiquiatria. Ficcionista, ensaísta e dramaturga, é coautora, com Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta, de Novas Cartas Portuguesas (1972), um livro que se tornou um marco no nosso país pela abordagem da situação das mulheres nas sociedades contemporâneas e que viria a ser apreendido pela polícia política do antigo regime pelo seu «conteúdo insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública». A sua escrita situa-se numa linha de experimentalismo linguístico que viria a renovar a literatura portuguesa nos anos 60. Entre outras obras, destacamos O Lugar Comum (1966), Maina Mendes (1969) e Casas Pardas (1977), Prémio Cidade de Lisboa, Lucialima (1983), Prémio D. Dinis da Fundação da Casa de Mateus, Missa in Albis (1988), Prémio de Ficção do PEN Clube, Dores (1994), um volume de contos em colaboração com Teresa Dias Coelho, ao qual foi atribuído o Prémio da Crítica da Associação Internacional dos Críticos Literários e o Prémio do Conto Camilo Castelo Branco, e Myra (2008), Prémio Correntes d’Escritas. Em 1997, foi-lhe atribuído o Prémio Vergílio Ferreira da Universidade de Évora, pelo conjunto da sua obra, que se encontra traduzida em várias línguas. Em 2002 foi distinguida com o Prémio Camões, cujo júri lhe elogiou «a inovação no domínio da construção romanesca, no experimentalismo e na interrogação do poder fundador da fala». O Prémio Vida Literária, da APE, foi-lhe entregue em 2013, dois anos depois de ser feita Grande-Oficial da Ordem da Liberdade. Em 2003 já havia sido feita Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Faleceu a 23 de maio de 2020, aos 81 anos.

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