Inesperadamente, o mundo parou, os aviões ficaram em terra, as auto-estradas sem carros, as cidades desertas. O Presidente da República declarou o Estado de Emergência e as nossas vidas alteraram-se. Em tão estranhas circunstâncias, a janela da casa em que nos refugiámos é tudo o que resta de um mundo que ficou distante e a rua onde vivemos afinal esse distante mundo onde nos descobrimos vizinhos. 

 Janela Indiscreta (Crónicas da Emergência) é o diário íntimo desses dias de emergência. Um modo de olhar a rua e os outros, de surpreender os dramas anónimos, ler gestos e sinais, colher imagens a bordo do quotidiano. Um ensaio do pensamento ou encontro face a face com o que de mais íntimo nos constitui, mas também a crónica de um tempo de incerteza e de mudança que a lente da poesia ou da arte, nas suas múltiplas focagens e linguagens, ajuda a revelar.