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Sinopse

O presente estudo ocupa-se de temáticas relevantes e das linhas de força que se destacam dos poemas incluídos nos livros editados por Irene Lisboa (1892-1958) na década de 30 do século XX: Um dia e outro dia… (1936) e Outono havias de vir (1937). Pautando-se a obra ireniana pela unidade e pelas recorrências temáticas e estilísticas, bem como pela valorização do inacabado e do trabalho de depuração da linguagem, considera-se importante o estabelecimento de alguns nexos entre os volumes em análise e outros textos da autora. Procura-se demonstrar a relação entre tempo e memória, juntando-lhe as reflexões sobre a escrita, e, nesta, a aproximação à forma diarística e aos códigos da autobiografia, o uso do fragmento e a referência às tarefas diárias, repetitivas e banais, assim como a representação de um sujeito em diálogo e confronto consigo mesmo e com os outros, com a amizade e com o amor (ou com o desamor), com a vida e com a morte. Estudam-se, nomeadamente, os processos retóricos que, na poesia de Irene Lisboa, representam um sujeito auto consciente e consciente da temporalidade que o sustenta. Considerando que se trata da representação de um discurso produzido por um sujeito-mulher, propõe-se que este factor deva ser tido em conta ao observar a voz poética desta escritora. A autora salienta neste estudo outros pontos da maior relevância. Interroga os limites do sujeito-mulher que assume a fala, e para tal percorre rapidamente o que ensaístas diversos e diversas vêm propondo para uma crítica séria desta questão, a qual se presta a confusões e a simplificações. Paralela a esta decorre a linha temática que se aproxima dos problemas do género literário – não só a poesia, mas modalidades desta como o verso longo ou a deriva da consciência e do monólogo interior, ou ainda a tradição do fragmento, tudo pontos muito relevantes para tratar as fronteiras do diarismo e da escrita do eu (do eu feminino) em Irene Lisboa.

[Paula Morão, no prefácio.]

Em Irene Lisboa, a escrita é frequentemente encarada como uma forma de autognose, através de uma auto-contemplação e de uma auto-análise conscientes: “Eu escrevo porque busco mas não encontro. Busco a ilusão, recolho-me a contemplação introvertida, não ao labor interessado, com regra. Contemplo-me como se olhasse água, água fugidia, que nada guarda”. Como consciente é a necessidade de registar o tempo que passa, a “água fugidia, que nada guarda” a não ser que se fixem as suas marcas, isto é, que as imagens que o sujeito observa sejam, de alguma forma, inscritas.

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Autor

Sara Marina Barbosa

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