Escrito em 1585 em italiano, é a primeira vez, 432 anos passados, que se traduz em português esta História da União de Portugal à Coroa de Castela depois de ter tido diversas traduções em francês, espanhol, inglês, alemão e latim, bem como várias edições na língua original. É texto de importância fundamental para o conhecimento de um período conturbado da história portuguesa – finais do século XVI princípios do século XVII – de 1578 a 1580, desde a batalha de Alcácer Quibir até à conquista e tomada de posse da coroa portuguesa por Filipe II de Espanha. Prolonga-se ainda até 1582, pela descrição das lutas entre os seguidores de D. António, Prior do Crato, as tropas francesas e as forças castelhanas nas ilhas dos Açores.

Para além da tradução, equaciona-se na Introdução a problemática da visão de um autor, estrangeiro, no contexto da história portuguesa, pois na altura da sua publicação, e ao longo dos dois séculos seguintes foi ele sempre contestado por parcial e difamador da honra de Portugal e dos portugueses. Demonstra-se que assim não foi, até pelo facto de este texto ser fundador em alguns aspectos que posteriormente vão ser retomados pela historiografia portuguesa e castelhana, nomeadamente no que diz respeito à descrição da batalha de Alcácer Quibir, à luta dos diferentes pretendentes pela coroa de Portugal e à actuação de Filipe II na tripla qualidade de herdeiro, pretendente e, finalmente, conquistador. Para o efeito, cotejou-se minuciosamente o texto original com as fontes históricas e pôde provar-se que as opiniões e as descrições de Conestaggio correspondem, ponto por ponto, à realidade histórica, pelo que não teve razão quem o apodou de insultuoso.