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Guerra Santa e Guerra Justa - Um Desígnio Medieval?

António Horta Fernandes

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Sinopse

Hoje, quando se fala em Guerra Santa e Guerra Justa, vem-nos quase sempre à memória a lembrança das cruzadas e com elas da Idade Média, essa época dita obscura onde os homens se matavam por causa da fé, ou onde havia sempre um pretexto reputado de justo para guerrear. Nada disso parece ser verdade e a presente obra visa mostrar que não o é, procurando desconstruir um conjunto de ideias arreigadas mesmo na mais recente historiografia medievalista. Na guerra santa, não é a guerra que é santa, antes a defesa da ordem que o homem medieval julga ser maculada pelo oponente. A guerra em si nunca deixa de ser condenada e denegrida ao longo de toda a Idade Média. Porém, muitas vezes os homens vêem-se na necessidade de combater e de justificar o combate, de apelar à defesa armada e à restauração da ordem querida por Deus, sendo essa defesa que valorizam enquanto forma de restabelecer a ordem, mas não por ser armada. O leitor perceberá que na Idade Média não se caracteriza pelo cultivo dos valores marciais nem as suas sociedades se revelam como organizadas para e pela guerra. Justamente o oposto. É que a ordem, incluindo a ordem política, querida por Deus assenta exclusivamente na paz. Paz e guerra configuravam dois mundos apartados.

Como argumenta o autor, neste estudo também com pendor comparativo, apenas a partir da Idade Moderna, com o surgimento do Estado, depois Estado soberano, se vai muito paulatinamente pondo fim à dicotomia entre guerra e paz, procurando integrar a guerra no tecido político, como acção intrínseca à política. A relação entre a guerra e a paz toma cada vez mais a senda de um cálculo pragmático de poder, desde o equilíbrio de poder até à luta pelo poder na cena internacional contemporânea.

Todavia, a guerra continua a ser um fenómeno ultimamente incontrolável e intratável, tendente a ir de si e a gerar os seus próprios objectivos. A humanidade desde que começou a fazer guerra cedo se apercebeu disso: no mundo medieval ainda de forma mais clara, até porque pressentia não dispor de estruturas institucionais de encaixe desenvolvidas que permitissem amortecer os efeitos bélicos, como mais tarde veio, em parte, a acontecer.

Sim, a Idade Média, aquilo que convencionalmente designamos por Idade Média, no seu arco temporal de 1000 anos, é uma era convulsiva, de imensa violência intestina. Mas tal não significa que aprove e elogie a violência, nomeadamente a violência da guerra; ao contrário, na Idade Média as únicas acções justas são aquelas conforme à paz. No meio de guerras tidas por inevitáveis, porque o homem se desvia do bem, diz-se, justos são os campeões da paz só e somente enquanto restauram a paz e não pela guerra que necessariamente acometem.

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Autor

António Horta Fernandes

António Horta Fernandes, Docente do Departamento de Estudos Políticos da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI). Estrategista e Polemologista, publicou Livro dos Contrastes - Guerra e Política (2017), Acolher ou Vencer? A guerra e a estratégia na actualidade (2011), Grandes Estrategistas Portugueses. Antologia (com António Paulo Duarte (2007), Entre a História e a Vida. A teoria da história em Ortega y Gasset (2006), Pensar a Estratégia (com Francisco Abreu) (2004), Portugal e o Equilíbrio Peninsular (com António Paulo Duarte) (2004) e O Homo Strategicus ou a Ilusão de uma Razão Estratégica (1998).

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