Tramas dão voz a mulheres que vão em frente, apesar da incerteza. Com o deserto aprendo. Mas não venço nenhum demônio. Não reafirmo, não persevero. Duvido e duvido.

"É esse mosaico de sabedoria que essas quatro mulheres - uma só, inteira, e ao mesmo tempo várias -, exercitam neste Gineceu."- Maria Belo, prefaciadora Simone, Andrea, Ingrid e Maria são as protagonistas de "Gineceu", o terceiro livro de Mara Bergamaschi. Dentro de uma janela de quase trinta anos, a autora tece essas histórias magnéticas, localizadas entre 1984 e 2011. Guiada por dúvidas em sua vida pessoal, a jovem Simone, aspirante a violonista, embarca numa viagem-relâmpago para um deserto. Ser confrontada pela imensidão árida é uma experiência agridoce. Um turbilhão de memórias vem à tona, exigindo que a personagem reinterprete situações marcantes que vivenciou. Já na década de oitenta, a personagem Andrea escreve sem parar deitada na cama, numa tentativa de compreender a si própria. Em 1997, Ingrid luta contra a desordem em sua vida: o filho recém-nascido, a desilusão com o marido no papel de pai, a paranoia em relação à segurança de si própria e de seu bebé. De volta ao século XXI, Maria confessa que escolheu cuidar dos outros por ter sido incapaz de cuidar de si mesma. Em comum, todas as tramas dão voz a mulheres que se questionam, que relembram, que vão em frente e que preenchem lacunas de suas vidas com doses de ficção, quando a dura realidade não é suficiente para explicar suas experiências.

Com prefácio da psicanalista Maria Belo, sobressaem, nesses poderosos monólogos femininos, a força dos amores interditos. Em comum, todas as tramas dão voz a mulheres que se questionam, que relembram, que vão em frente apesar das incertezas.