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Gargântua & Pantagruel, Vol. I

François Rabelais, Gustave Doré

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Detalhes do Produto

Sinopse

Gargântua, gigante cujas primeiras referências surgem nos ciclos arturianos, os primeiros romances de cavalaria, recomenda ao seu filho, Pantagruel, que, dados os tempos, se torne num «abismo de ciência»…
- Quando se publicaram os dois primeiros volumes – primeiro Pantagruel e depois, em data incerta, Gargântua – estamos em pleno Renascimento e, contra a Igreja e uma certa moral vigente, os sábios começam a viajar pela Europa para cruzar os mais diversos saberes e a questionar muito daquilo que a doutrina católica dava como inatacável. Recomenda-nos, pois, o texto que não interpretemos estas aventuras no seu sentido literal, mas que percebamos que ela tem múltiplos sentidos.
- As aventuras dos dois gigantes e dos seus companheiros são um festim de saberes antigos, modernos e fantasiosos. Pantagruel, na missão de que foi incumbido pelo pai, absorve e partilha conhecimentos, aplicando-os de forma prática e verdadeiramente original numa sátira total à Universidade (Sorbonne), então ainda controlada pela Igreja. Ao mesmo tempo, Pantagruel especializa-se também em comida e bebida – além de todas as outras áreas do saber – o que transforma esta obra numa das mais bem regadas da literatura universal.
- O leitor pode ler estas aventuras como um romance de cavalaria, uma narrativa fantástica, um libelo pela liberdade de expressão, uma obra humorística, um receituário diverso, um texto filosófico, um documento histórico, uma crítica (bastante actual) aos extremismos religiosos e morais, bem como às instituições políticas, uma carta de vinhos ou como a base de muito do conhecimento dos nossos tempos. Certo é que não o fará sem um sorriso no rosto e sem que se lhe abra o apetite ou lhe suplique a garganta pelo néctar de Baco.

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Autor(es)

François Rabelais

François Rabelais (1483 ou 1494 - 1553) foi um dos fundadores da moderna literatura francesa. Pouco se sabe sobre a sua infância e a juventude, mas provavelmente seria filho de um senescal e advogado. Terá estudado de acordo com as bases da boa educação do final da Idade Média e ter-se-á feito monge franciscano. Vê serem-lhe apreendidos livros de grego, na altura uma língua considerada perigosa pela Sorbonne (então dominada pela Igreja), pois permitia livres interpretações do Novo Testamento. Consegue um indulto papal que lhe permite continuar os estudos, juntando-se à Ordem Beneditina, menos fechada à cultura profana. Dentro da ordem trabalha como secretário de homens de letras e cultura que o protegem. Sem autorização, abandona o hábito e vive durante uma temporada em Paris, onde inicia estudos de Medicina e se envolve numa relação com uma viúva com a qual tem dois filhos, legitimados em 1540. Consegue evoluir nos estudos de Medicina na Universidade de Montpellier, apesar de as suas preferências pelos textos gregos e as traduções feitas dos tratados de medicina árabes por oposição à Vulgata causarem polémicas. Trabalha como médico e ganha uma enorme reputação em Lyon, na época o centro cultural de França. Publica diversos livros sobre medicina, geralmente traduções dos livros gregos, muitos dos quais visados pela censura da Sorbonne. Em 1532, sai do prelo Pantagruel, sob a autoria de Alcofibras Nasier, anagrama do nome do Autor que sempre separou este tipo de obras daquelas que publicava com o seu nome verdadeiro reservado para os trabalhos mais sérios. Surgem em sequência Gargântua e o Livro Terceiro, sobre os quais cai a censura da Sorbonne. Rabelais consegue uma autorização régia que o isenta da censura, mas a Sorbonne pressiona o editor do seu Quarto Livro. A edição acaba por sair sem censura depois de um processo litigioso cujas repercussões chegaram a Roma. Depois da sua morte é publicado o Livro Quinto, muito provavelmente apócrifo, mas que poderá ter partido de esboços do Autor deixados inacabados. A influência de Rabelais no Renascimento europeu é um exemplo notável de luta contra a censura religiosa e científica. Em termos literários, Rabelais foi considerado pelos surrealistas como um dos seus antepassados mais remotos e muitos escritores oriundos dos movimentos e escolas mais diversos prestam-lhe habitualmente vassalagem.

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Gustave Doré

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