Sinopse
Na presente obra propusemo-nos estudar os objetos, os interiores e as vivências das casas
das elites lisboetas no período de 1750 a 1830. Tentámos compreender as transformações
políticas e económicas ocorridas naquele período de tempo, os hábitos sociais, as
expressões do gosto e modernidade, apurar ícones de ostentação e aparato, integrando-os no
espaço doméstico. Numa perspetival abrangente, cruzámos várias dimensões do património,
não privilegiando nenhuma delas, antes preferindo permanecer atentos aos sinais de todas.
Estas residências, que ao longo do século XVIII ainda se caracterizam por uma organização
interior onde prevalece a interdependência dos diversos compartimentos, tenderão,
lentamente, no último quartel de Setecentos, a criar três grandes zonas que acolhem o
aparato, a sociedade e a intimidade, procurando distinguir e racionalizar espaços em
função de novas sociabilidades emergentes.
Os múltiplos objetos que existem nas casas também se modificam, em função das novas
necessidades sociais. Estes bens, para além de representantes de uma sociabilidade
crescente, tornam-se expoentes de novos hábitos, de âmbito alargado, que vai desde a
alimentação e as bebidas até à higiene, à dança, aos jogos, à música ou à escrita, entre
outros.
Constatamos que as muitas transformações ocorridas ao longo da segunda metade do século
XVIII e primeiro quartel de Oitocentos, a par dos novos modelos de sociabilidade ensaiados
pelas principais figuras de elite, anunciam os modos de vida e as casas da Lisboa
contemporânea.