Partilhar

Cartas para a Casa de Pascoaes

Mário Cesariny

Temporariamente Indisponível



Desconto: 10%
16,20 € 18,00 €

Detalhes do Produto

Sinopse

As relações deMário Cesariny coma obra deTeixeira de Pascoaes, que abriramemforça na década de 60 do século XX e se alargaram depois até ao seu desaparecimento físico já em 2006, marcaram a terceira fase do desenvolvimento do surrealismo em Portugal, a da maturidade, ajudando a reorientar a obra poética de Cesariny numa direcção inesperada, a da sátira anti-pessoana, com as duas edições do Virgem Negra.
Conhecíamos os vários momentos públicos deste relacionamento — em que entra o trabalho de selecção de duas compilações, Aforismos e Poesia deTeixeira de Pascoaes, ambas de 1972, e a frase capital dita em 1973 no texto «Para uma Cronologia do Surrealismo Português», Teixeira de Pascoaes, poeta bem mais importante, quanto a nós, do que Fernando Pessoa—mas ignorávamos, e continuamos em parte a ignorar, o percurso por dentro dessa ligação, bem como desconhecíamos o convívio do autor de Pena Capital com o lugar e a casa em que Pascoaes viveu.
Com a publicação das cartas de Cesariny para os dois habitantes da casa de Pascoaes, João e Maria Amélia Vasconcelos, de 1968 a 2004, ficamos a conhecer elementos do relacionamento entre Mário Cesariny e a obra de Teixeira de Pascoaes e a perceber uma parcela importante da teia emque tudo aconteceu, quer dizer, do como, do quando e do através de quem se deu e processou o convívio de Cesariny com o lugar e a casa de Pascoaes.
António Cândido Franco

Ler mais

Autor

Mário Cesariny

Poeta, autor dramático, crítico, ensaísta, tradutor e artista plástico português, nasceu a 9 de agosto de 1923, em Lisboa, e morreu a 26 de novembro de 2006, também naquela cidade.

Depois de ter estudado no Liceu Gil Vicente, entrou para Arquitetura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, onde frequentou o primeiro ano, e mudou depois para a Escola de Artes Decorativas António Arroio. Depois de ter frequentado esta escola, prosseguiu estudos de belas-artes em Paris, tendo, ainda, estudado música com o compositor Fernando Lopes Graça.

Figura maior do surrealismo português, a influência que viria a exercer sobre as gerações poéticas reveladas nas décadas posteriores aos anos 50, período durante o qual publicou alguns dos seus títulos mais significativos, ainda não foi suficientemente avaliada. Promoveu a técnica conhecida por "cadáver esquisito", que consistia na elaboração de uma obra por um grupo de pessoas, num processo em cadeia criativa, na qual cada uma dava seguimento à criatividade da anterior, resultando numa espécie de colagem de palavras, a partir apenas de um acordo inicial quanto à estrutura frásica.

Colaborou em várias publicações periódicas como Jornal de Letras e Artes e Cadernos do Meio-Dia, entre outras. Começou por se interessar pelo movimento neorealista - ainda que essa breve incursão não tenha ultrapassado mais que uma postura irónica e paródica, firmada em Nicolau Cansado Escritor - para, em 1947, regressado de Paris, onde frequentou a Academia de La Grande Chaumière e onde conheceu André Breton, fundar o movimento surrealista português.

A sua postura polémica na defesa de um surrealismo autêntico levou-o, porém, a deixar o grupo no ano seguinte, para criar, com Pedro Oom e António Maria Lisboa, o grupo surrealista dissidente.

Como um dos principais críticos e teóricos do movimento surrealista, manteve ao longo da sua carreira inúmeras polémicas literárias, quer contra os detratores do surrealismo quer contra os que, na prática literária, o desvirtuavam.

A sua obra poética começou por refletir, em Corpo Visível ou Discurso Sobre a Reabilitação do Real Quotidiano, o gosto pela observação irónica da realidade urbana que, fazendo-se eco de Cesário Verde, constitui ainda uma fase pouco significativa relativamente a volumes próximos da prática surrealista como Manual de Prestidigitação. Aí, a mordacidade e o absurdo, o recurso ao insólito, aliados a uma discursividade que raramente envereda por um nonsense radical, como ocorre na obra de António Maria Lisboa, permitem estabelecer, como nenhum outro autor da década de 50, um ponto de equilíbrio entre o primeiro modernismo e a revolução surrealista.

No domínio do teatro, em Um Auto Para Jerusalém, pastiche de um conto de Luís Pacheco, revela a influência de Pirandello ou da prática teatral de Alfred Jarry. No fim da década de 60 e início de 70, Mário de Cesariny encetou um trabalho de reposição da verdade histórica do movimento surrealista, coligindo os seus manifestos, editando a obra poética inédita de alguns dos seus representantes, e dando ao prelo textos seus datados do período de maior envolvimento com a teoria e prática do surrealismo, como 19 Projectos de Prémio Aldonso Ortigão seguidos de Poemas de Londres (1971), ou Primavera Autónoma das Estradas (1980) ou Titânia (1977).

Em 2005, recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, entregue pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio, e, em novembro desse mesmo ano, foi galardoado com o Grande Prémio Vida Literária, uma homenagem à sua notável contribuição para a literatura portuguesa.

Ler mais