Ao mesmo tempo literatura de viagens, romance de aventuras, meditação filosófica e política, este livro reúne as cartas que o marquês de Custine escreveu aquando das suas viagens pela Rússia em 1839. A obra levou quatro anos a escrever e faz em relação àquele país o que A Democracia na América, de Alexis de Tocqueville, fez em relação aos Estados Unidos da América: uma análise político-social de um povo e sociedade nascentes que projecta toda uma cultura para o conhecimento e reconhecimento de uma Europa culta e abre caminho para uma globalização de modelos que influenciam muito do nosso mundo.   

A obra foi publicada em 1843 e de imediato banida na Rússia, tendo sido extensamente lida na Europa. Só a partir de 1910 foi permitida a publicação na Rússia, para ser de novo banida sob Estaline. Apenas em 1996 viria a conhecer uma edição integral. O filme A Arca Russa (2002), de Alexandr Sokurov, é baseado no livro de Custine.      

«Fui à Rússia procurar argumentos contra o governo representativo; volto partidário das constituições. Considero ter autoridade para julgar, mesmo severamente, se a minha consciência o exigir, um país onde tenho amigos; para analisar, sem cair na ofensa pessoal, o carácter dos homens públicos; para citar ditos de personalidades políticas, a começar pelos da mais alta personagem do Estado; para narrar as suas acções; e para levar até às últimas consequências as reflexões que este exame me possa sugerir.»

Do Prefácio