Alphonse Allais

Alphonse Allais nasceu a 20 de Outubro de 1854, em Honfleur, França. Estudou Ciências, e com dezassete anos começou a estagiar na farmácia do pai. Este, pouco sensível ao humor do filho, especialmente quando posto em prática entre medicamentos, cedo o enviou para Paris, onde Allais acabou por se dedicar menos aos estudos, que não concluiu, e mais à vida boémia. Vendo-se sem o sustento do pai, Allais não teve outro remédio senão encontrar trabalho. Não vingaram as primeiras experiências com a fotografia, partilhadas com o amigo Charles Cros, e Allais decidiu enveredar pela escrita, iniciando colaboração com diversos jornais. Especializando-se em pequenas histórias repletas de um humor à vez mordaz e absurdo, Allais direccionou frequentemente o seu escárnio para figuras «intocáveis», como Victor Hugo ou La Fontaine. Embora a tónica assentasse sempre no humor, consegue entrever-se nas suas críticas uma certa amargura, mesmo um pessimismo. Em 1882, integrou a redacção do jornal satírico Le Chat Noir, e mais tarde do Le Sourire, mas manteve sempre colaboração com outros jornais, escrevendo os seus contos à razão de dois ou três por semana; e sempre de véspera. Allais participou na Exposição de 1883 no Salon des Arts Incohérents, onde se afirmou um indiscutível precursor do Dadaísmo e do Surrealismo. Diagnosticado com uma flebite que lhe recomendava repouso, ignorou as ordens médicas e manteve as habituais deslocações ao café. No dia 27 de Outubro de 1905, anunciou a um amigo que morreria no dia seguinte, e assim fez.


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