A presente obra, que marca o início da série Media, Política e Sociedade, preenche uma lacuna na literatura científica no que concerne o tratamento mediático do desporto. A Representação do Futebol na Imprensa foca a atenção num “mega evento” desportivo – o Mundial de 2010 – e descentraliza a análise, tanto para a fase de apuramento como do sorteio da fase final do mesmo.

Nesse contexto, propõe um contributo teórico e empírico original no sentido de comprovar, com evidência científica, a existência de “estrabismo” jornalístico por parte da imprensa desportiva: os profissionais dos media são, ao mesmo tempo, observadores neutros e críticos acutilantes que alternam de forma imediatista e extremada entre a exaltação – por altura dos triunfos e sucessos – e a reprimenda estratégica e contundente – no caso das derrotas e insucessos.

A cobertura mediática revela igualmente uma série de tendências concomitantes dignas de menção. Existe, desde logo, uma distinção entre o conteúdo dos jornais generalistas e especializados, ainda que tal diferença se esbata entre o jornalismo desportivo e os generalistas de estilo mais popular. De facto, não obstante tal diversidade, confirma-se também algum grau de homogeneização do conteúdo e o predomínio do comentário e da opinião sobre as hard news.

Por fim, a ausência de evidências diretas de sentimentos de identidade nacional coabita com a tendência para a nacionalização das fontes e a ênfase na representação das implicações nacionais do evento. Tais constatações validam a importância dos valores nacionais do evento. Tais constatações validam a importância dos valores nacionais na representação mediática de eventos que encerram rivalidade desportiva, bem como comprovam o caráter etnocêntrico e “glocal” da cobertura jornalística.