A ideia e a expressão “direitos humanos” parecem triviais nos dias de hoje. Quase todos partilham a ideia de que existem certos “direitos inerentes” aos seres humanos, isto é, direitos que são independentes das tradições culturais desta ou daquela nação ou continente. Locke sugeriu-nos dois argumentos, o argumento da Obra e o da propriedade de si mesmo.
Uma forma de entender a relação entre os dois argumentos, é que esta foi a grande “aposta de Locke”, para tomar de empréstimo a expressão de Pascal. Alguns leitores estarão mais dispostos a aceitar um deles em vez do outro, e Locke sugere esses dois fundamentos alternativos, para que os seus leitores encontrem o melhor, isto é, o mais persuasivo.
Essa estratégia de apresentar duas explicações alternativas da lei da natureza e da fundamentação dos direitos naturais é responsável por muitos dos mais significativos debates sobre a filosofia política de Locke. Alguns dos intérpretes acham que a filosofia política de Locke tem fundamento na sua teologia natural. Outros consideram-no inteiramente secular. Há uma “aposta de Locke”?
Michael Zuckert (Excerto das Conferências)