É naquilo que escreve sobre os seus doentes, as crianças e os jovens que é chamado a tratar, assim como na relação com os seus pais e outros familiares, que se revela a profunda humanidade do autor, a forma apaixonada como exerce a sua profissão. Da leitura deste livro registei, de forma impressiva, os relatos de destinos tão dramática e precocemente interrompidos pela doença: a história de Carlos, o menino cego, gordo e condenado a morrer, devido a sequelas do cancro, que perde a mãe quando, devido à progressão da doença, mais precisava dela, ou a de Jorge, cuja situação, de tão sofrida, leva a própria mãe a suplicar ao “doutor”, antes de uma cirurgia destinada a diminuir-lhe o sofrimento, “Deixe-mo ficar ali (…), ele já não está aqui a fazer nada, por favor, peço-lhe, deixe-o ficar, não deixe que ele volte a acordar”, são evocações fortíssimas da realidade quotidiana e dos constantes dilemas profissionais dos médicos».